UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 30 de março de 2016

O outono

Eu abanei um castanheiro
Com duas pedras na mão,
Tremeu o ramo cimeiro
Caíram ouriços para o chão.

Estamos no outono
Cai chuva lá fora,
A escola começa
E as andorinhas vão embora.

É a altura das vindimas.
E é com grande aflição
Que se apanham as uvas
Comendo um bocado de pão.

Num dia de S. Martinho,
É grande a festa do povo,
Da boa sardinha assada
Castanha e vinho novo.

No outono chega o vento.
E as árvores ficam nuas
Pois ele arrasta as folhas,
Pelos vales e pelas ruas.

(Autora: Beatriz Bastos)

Nenhum comentário: