Toda a vida (ainda das coisas que não têm vida)
não é mais
do que uma união.
Uma união de pedras é edifício.
Uma união de tábuas é navio.
Uma união de homens é exército.
E sem esta união tudo perde o nome e mais o ser.
O edifício sem união é ruína.
O navio sem união é naufrágio.
O exército sem união é despojo.
Até o homem (cuja vida consiste na união de alma e corpo)
com união é homem, sem união é cadáver.
Por mais alta que esteja a cabeça, se não está unida é pés.
Por mais ilustre que seja o ouro, se não está unido é barro.
Nobreza desunida não pode ser, porque, em sendo desunida,
logo deixa de ser nobreza, logo é vileza.
Para derrubar um reino e muitos reinos onde há desunião não
são necessárias baterias, não são necessários canhões, não são necessários
trabucos, não são necessários balas, nem pólvora, basta uma pedra, lápis.
Para derrubar um reino, e muitos reinos onde falta à união,
não são necessários exércitos, não são necessárias campanhas, não são necessárias
batalhas, não são necessários cavalos, não são necessários homens, nem um
homem, nem um braço, nem uma mão:
sine manibus.
Não temos muito boas mãos e o sabem muito bem nossos
competidores, mas se não tivermos união, nem eles haverão mister mãos para nós.
Nem a nós nos hão de valer as nossas.
(Autor: Padre Antônio Vieira)
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