UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 19 de dezembro de 2015

Caridade da Luz

Santa – a moeda amiga ao tornar-se carinho
Em todo lar sem pão que a penúria flagela,
Enaltecida sempre – a roupa mais singela
Que protege a nudez ao vento e ao desalinho!...

Glorificado seja – o pouso que tutela
O enfermo relegado às pedras do caminho,
Preciosa – a afeição para quem vai sozinho,
Trancando-se na dor em que se desmantela!...

Nobreza em toda ação que represente amparo
Do auxílio de um vintém ao apoio mais raro,
Que a simpatia expresse e a bondade presida!...

Brilhe em tudo, porém, com mais força e grandeza
A palavra do Bem que apure a Natureza,
Iluminando o Amor e libertando a Vida!...

(Autora: Auta de Souza - Psicografado por Francisco Cândido Xavier)

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