UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Presença de Natal


É quase Natal...

Solitário em meu quarto,
Olho por entre a vidraça embaçada:
Luzes ao longe,
Sons de canções distantes,
Risos, preces, fogos a ribombar na imensidão...
Desolado, penso naqueles que me estão ausentes.
Natal frio. Triste, desolador.

Meu olhar se perde na escuridão da noite estiolada.
Olho, mas não vejo nada:
Nada à frente. Nada no futuro...
Por que estou só?
Volto o olhar ao passado,
Relembro os dias de glória,
De fama, poder, vitória...

Onde estão vocês, fãs de outrora,
Amores de verdes anos,
Amigos de toda hora?
Falhei, falhastes, falhamos,
Onde foi que deixamos
Nossos sonhos, amizades,
Enganos e desenganos?

De repente...
Sons que aumentam,
Frases que se elevam,
Risos que me preenchem,
Euforia, esperança, canções, cheiro de amor...
Quem chegou?
Quem bate?

- Feliz Natal!

Sinto que chegaste,
Chegaste, não, já estavas aqui,
Apenas eu não te via,
Que alegria!
Preenches o meu Natal,
Com carinho, luz e calor.

Amigo eterno, amigo de todas as horas,
Não faltaste nunca, nem faltarias agora,
Como sempre, estás aqui,
estás comigo, Senhor!

Na fé nunca estamos sós
Não há melhor companhia
Que termos junto de nós
O Aniversariante do dia!

(Autora: Oriza Martins)

Nenhum comentário: