UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 22 de dezembro de 2012

Hei de Te encontrar



Por anos e anos eu te procurei. 
Atravessei desertos nunca antes descobertos, 
subindo as mais altas das montanhas, sentindo frio e calor, 
 lamentos e dor, mas não desisti. 
Nem mesmo a mais grave das doenças pôde me conter.
A força dos ventos, poeira em meus pensamentos, 
até a tristeza não pôde me deter. 
Tive tentações, alucinações, descrença, olhava para o céu, 
 mas ninguém respondia meu apelo. 
E mais uma vez não desisti, não perdi a minha fé. 
E enquanto as estrelas, uma a uma, estavam se apagando,
 eu via a multidão chorando, um homem sangrando,
 um poderoso aclamando, 
um povo se desesperando num dia fatal. 
Ao ver teu rosto sem lamentos, 
eu tive num momento um pressentimento...
O encontro que tanto esperei. 
Então perguntei: 
Por onde tu andaste? Procurei-te por minha vida inteira
 e quando estava quase te encontrando,
 partias pra outros campos em busca de teus discípulos,
 aproximando os homens de Deus. Sofri de doenças.
 Agora velho e sem saúde, não tenho forças pra te ajudar, 
não tenho como carregar a tua cruz... 
“Ele” respondeu: Meu filho... Sei que me seguiu a vida inteira.
 Eu estive sempre bem perto de você... 
Enfrentamos juntos todas as tempestades, 
todas as doenças, e o que te fez sobreviver foi a tua crença,
 tuas orações e a tua fé... 
Sei também que te encontra fraco e desvalido,
 mas o que importa é que tu estás aqui 
e que nunca perdeu a esperança.
Não te desespere pelo sangue que tu vê em meu corpo, 
nem pelas feridas, a coroa de espinhos, o sofrimento...
 Logo, finalmente, vamos nos encontrar.
 E para aqueles que não acreditaram em mim, 
que não acreditaram no Pai...
Perdoai-os, assim como eu, 
pois eles não sabem o que fazem.
QUEM ACREDITA EM DEUS, JAMAIS DESISTE. 

(Autor: Antonio Auggusto João)

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