UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 24 de janeiro de 2010

Te cuida


Me cuidarei, pode deixar.
Me cuidarei para estar inteira amanhã de novo.
Me cuidarei para me tocares com suavidade, para nunca encontrares um arranhão sobre a minha pele.
E cuidarei do meu humor, dos meus cabelos, cuidarei para não perder a hora, cuidarei para não me apaixonar por outro, cuidarei para não te esquecer, vou me cuidar.
Me cuidarei ao atravessar a rua, me cuidarei para não pegar um resfriado, me cuidarei para não ficar doente.
Me cuidarei, meu amor, enquanto estiver longe dos teus olhos, nos momentos em que você não podera cuidar de mim.
Fica a meu encargo voltar para você do mesmo jeito que você me deixou, ilesa.
É de minha responsabilidade não ficar triste, não deixar ninguem me magoar, não deixar que nada de ruim me aconteça por que você me adora e não aguentaria.
Claro que me cuido, nem precisava pedir!
Te cuida, dissera ele.
E eu ouvi como se fosse um Te amo...

(Autora: Martha Medeiros)

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