UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 19 de maio de 2015

Olhe a Estrela!

Na onda das vicissitudes deste mundo, quando em vez de caminhar por terra, tens a impressão de ser agitado entre as marolas e as tempestades, não tires os olhos do resplendor desta estrela, se não queres que te traguem as ondas. 
Olha a estrela, invoca Maria.
Se o orgulho, a ambição, o ciúme te arrastam nas vagas.
Olha a estrela, invoca Maria. 
Se a raiva ou a avareza, se os sortilégios da carne balançam, a
balam a barca de tua alma, olha para Maria.
Se a segues, não te equivocarás de caminho,
Se ela te protege, não terás medo, 
se ela te guia, não te cansarás, 
se ela te é propícia, chegarás à meta.
Se fores arremessado pelas ondas da soberba, da ambição, 
da murmuração e da inveja, olha para a estrela, invoca Maria. 
Se a ira, a avareza ou as atrações da carne sacudirem 
a barquinha da alma, olha para Maria. 
Se, perturbado pela enormidade do pecado, cheio de confusão pela fealdade da consciência, cheio de medo pelo horror do juízo, começares a ser devorado pelos abismos da tristeza e do desespero, pensa em Maria. 
Nos perigos, nas aflições, nas incertezas, pensa em Maria, invoca Maria. Que ela não se afaste dos teus lábios nem do teu coração; e para obter o auxílio da sua oração, nunca deixes o exemplo da Sua vida. 
Se a segues, não te podes perder; 
se a invocas, não podes desesperar; 
se pensas nela, é certo que não poderás te enganar. 
Se ela te ampara, não cais; 
se te protege, não tens o que temer; 
se te guia, não te cansas; 
se te é propícia, chegas ao fim.

São Bernardo de Claraval (“Homilia super Missus est”, II, 17).

(Fonte: nossasenhoradobrasil.com.br)

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