Na praia uma criança constrói um
castelo de areia. Por um momento, contempla admirada a sua obra. Depois
destrói tudo e constrói um outro castelo. Da mesma forma, o tempo
permite que o globo terrestre realize seus experimentos. Aqui nesta
praça se escreveu a história do mundo; aqui os acontecimentos foram
gravados na memória das pessoas, e depois novamente apagados. Na Terra, a
vida pulsa de forma desordenada, até que um belo dia nós somos
modelados... com o mesmo e frágil material de nossos antepassados. O
sopro do tempo nos perpassa, nos carrega e se incorpora a nós. Depois se
desprende de nós e nos deixa cair. Somos arrebatados como num passe de
mágica e depois novamente abandonados. Sempre há alguma coisa
fermentando, à espera de tomar nosso lugar. Isso porque não temos um
solo firme sob os nossos pés. Não temos sequer areia sob nossos pés. Nós
somos areia.
(Autor: Jostein Gaarder)
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