UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Nem flores, nem frutos

Minha mente me faz pensar que na primavera não irei florescer, 
não darei frutos.

Meus pensamentos não congelaram no inverno,
mas sinto que sequei como as folhas no outono.

Quanto mais reflito, vejo o mesmo da janela da alma e envelheço.
Tem algo lá, muito parecido com cinzas ou apenas pó.

Não rejeito o amor romântico, apenas o evito.
Me assemelho a um redemoinho, sem vento.

(Autora: Hellen Cortezolli)

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