UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Caligrafia de outono

Acorda natureza...
Sai desta tela...
Calada imagem... parada
Deixa escorrer essa tinta
Viaja em todos os instantes
Possíveis e impossíveis...
Numa manhã, sem destino
No meio dos bosques,
até chegar o pôr do sol
Novas cores se misturam
Despertam outros sentidos
Enterram-se  as velhas letras
Tempo! leva no ar, as folhas secas
Afinal, chegou o outono
Época de renov(ação)
Risca, pinta, rabisca...
Cenas ousadas e incandescentes,
no teatro da existência real
Atravessa, num sopro,
As sombras das montanhas
em busca de um céu aceso
Jornada  das figuras vivas
Chega de flutuar em criptas
tentando  inutilmente decifrar,
caligrafias indecifráveis
Escuta já, o som dos ventos
Renasça qual fênix a sair das cinzas
Afinal, chegou o outono.

(Autora: Thaís V. Mariano)

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