domingo, 29 de abril de 2012

Qualquer que seja a chuva


Qualquer que seja a chuva desses campos
devemos esperar pelos estios;
e ao chegar os serões e os fiéis enganos
amar os sonhos que restarem frios.

Porém se não surgir o que sonhamos

e os ninhos imortais forem vazios,
há de haver pelo menos por ali
os pássaros que nós idealizamos.

Feliz de quem com cânticos se esconde

e julga tê-los em seus próprios bicos,
e ao bico alheio em cânticos responde.

E vendo em torno as mais terríveis cenas,

possa mirar-se as asas depenadas
e contentar-se com as secretas penas. 

(Autor: Jorge de Lima)

Nenhum comentário:

Postar um comentário