segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A vida que vivemos

A vida que vivemos encerrou-se
na concha de coral duma lembrança.
Por muros altaneiros confirmou-se,
volteia dentro deles em suave dança.

Liberta de sonhar, por tal fronteira,
condenada a um eterno redopio,
pusilânime e triste timoneira
balançando ao sabor do teu navio,

ó estranha expressão de movimento,
tão escrava de ti que não tens fim,
ó reduto fechado dum tormento

cujas mãos me maltratam só a mim,
deixa as aves lançarem no teu meio
essa sombra das asas por que anseio!

(Autora: Isabel Gouveia)

Nenhum comentário:

Postar um comentário