sábado, 13 de abril de 2013

Tenho medo de perder a maravilha



Tenho medo de perder a maravilha
de teus olhos de estátua e aquele acento 

que de noite me imprime em plena face 
de teu alento a solitária rosa.  

Tenho pena de ser nesta ribeira 
tronco sem ramos; e o que mais eu sinto 
é não ter a flor, polpa, ou argila 
para o gusano do meu sofrimento. 

Se és o tesouro meu que oculto tenho 
se és minha cruz e minha dor molhada,
se de teu senhorio sou o cão,

não me deixes perder o que ganhei
e as águas decora de teu rio
com as folhas do meu outono esquivo.

(Autor: Federico García Lorca)

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