domingo, 24 de fevereiro de 2013

Última Carta



Te ofereço Abril -

Abril subindo as escadas noturnas
onde o silêncio acumulou as heras do longínquo
Abril fitando um céu fluorescente
debruçado em sacadas e colunas.

Te ofereço a minha paz -

Este modo tranquilo de ser
como um pôr-do-sol na minha terra.

Te ofereço a gratuidade do crepúsculo,
a tradição dos relógios antigos
a doce alegoria dos cartões-postais.

Te ofereço esta árvore, tão provinciana,
que ainda sabe amadurar seus frutos
entre sombras e pássaros.

Tudo o que a tua infância não provou
e que a tarde como um canto rememora.

Mas não aceites nada -
que isso são coisas tristes do passado
e eu prefiro o teu sorriso
em que os dias eternos se renovam.

(Autor: Ivo Barroso)

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