quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Soneto do Gato Morto



Um gato vivo é qualquer coisa linda 
Nada existe com mais serenidade 
Mesmo parado ele caminha ainda 
As selvas sinuosas da saudade.


De ter sido feroz. À sua vinda 
Altas correntes de eletricidade 
Rompem do ar as lâminas em cinza 
Numa silenciosa tempestade. 


Por isso ele está sempre a rir de cada 
Um de nós, e ao morrer perde o veludo 
Fica torpe, ao avesso, opaco, torto.


Acaba, é o antigato; porque nada 
Nada parece mais com o fim de tudo 
Que um gato morto.


  (Autor: Vinícius de Moraes)

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