domingo, 4 de novembro de 2012

Soneto de Papel


Por escrito sou mais do que respiro
Antônimo de mim, há sinonímias
Em eu querer já não querer mais nada,
Senão a minha ausência de mãos postas.

Por escrito! E a escrever que ninguém pode!
Contudo, que descanso em que pudesse!
A única viagem que é só minha
Mora na asa infinita da palavra!

Hã muitas vozes neste vôo e entanto
O meu suspeito coração consegue
Amealhar fortunas de silêncio!

Natureza concreta que rabisco
De almas, à custa de buscar-me um outro
Nos dicionários que anoiteço em mim...

(Autor: Homero Frei)

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