sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Ao Sal


Nega-me tua alma –
esta alma, mesma, que me furtas

e é ao degredo irremediável

que me remetes.

Nega-me tua chama

que arde no delírio dos deuses,
teu anjo, que ressona na fluidez dos lagos,
tuas asas desdobradas,

nega-me, nega-me tua espuma

que regurgita no sonho das aves
(eu sou o teu infante pássaro)

e é sem minhas fontes que me deixas,

sem meu ar extasiado.

Nega-me teu mar, tua tempestade,

o sonho e a fantasia,
e me deixas ao relento, ao sal amargo
de cada dia.

Nega-me teu olhos e já não me atento


que a felicidade embora utopia das sombras

é também certa luz incidente
que só de teu olhar
meus olhos como cúmplices pressentem.

(Autor: Fernando Campanella)

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