UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Rara Textura


Solidão e silêncio
permitem o encontro
que espelha,
no chão do meu rosto,
o Tempo,
o lamento das perdas,
o afago das mãos
que amarram,
presente e passado
em único cesto.

Solidão e silêncio
afligem o vento
que enreda
o vão do meu corpo.

O vento, o alento dos versos,
a alvorada das horas:
presente e futuro
em perene segundo texto.

(Autor: Jairo De Britto)

Nenhum comentário: