sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Noite


Da tarde os vivos e áureos esplendores
No véu crepuscular se vão turvando.
Luz de um flébil clarão fugace e brando
Derrama o Sol nos últimos palores.

Os alados e prófugos cantores
Buscam seu ninho, lépidos, em bando...
O velho mar, soturno, está rezando
Uma oração feita de mágoa e dores.

É noite. A treva estende-se na terra...
Cessa da vida a atrabiliária guerra...
E a via-láctea pelo espaço mudo,

Lembra a espuma da fervida cascata,
Lembra uma faixa alvíssima de prata
Sobre um pedaço negro de veludo.

(Autor: Arthur de Salles)

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