quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Ignotus



Eu não sei quem Tu és. Mas sei que Tu existes,
e sei que és Tu que acendes as estrelas lá no Alto,
e o lume, às vezes, da alegria na pobreza 
dos meus olhos tristes.

Eu não Te vejo, eu não Te falo, 
senão no silêncio secular
das noites insones e profundas, 
em que meu corpo se apaga,
e minha alma é uma chama inquieta a crepitar...

Eu Te quero e Te temo, pávido, 
esquivo e ansioso... E pela vida inteira,
se Te fujo - olhos sem luz para não ver-Te, 
ouvidos surdos para não Te ouvir sinto o
Teu esplendor doer na minha tórpida cegueira,

e ouço o rumor augural dos remos 
do Teu barco, lento e lento
a ferir, com seu ritmo de Absoluto,
a água noturna do meu pensamento...

(Autor: Abgar Renault)

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