sexta-feira, 29 de junho de 2012

Matinal



Entra o sol, 
gato amarelo, e fica
à minha espreita, 

no tapete claro.
Antes de abrir os olhos, 

sei que o dia
virá olhar-me por detrás das árvores.

Ah! sentir-me ainda vivo sobre a face da Terra
enquanto a vida me devora...
Me espreguiço, entredurmo... O anjo da luz espera-me
Como alguém que vigiasse uma crisálida.

Pé ante pé, do leito, aproxima-se um verso
para a canção de despertar:
os ritmos do tráfego vibram como uma cigarra,

a tua voz nas minhas veias corre,
e alguns pedaços coloridos do meu sonho
devem andar por esse ar, perdidos...

(Autor: Mário Quintana)

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