UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Construções



Nas asas de um sonho,
construí uma realidade.
O sonho bateu asas,
ficou apenas a saudade...

Na beira da praia,com areia,
um castelo fui armar...
O mar veio visitá-lo,
o conseguiu derrubar.

No galho da forte figueira,
espalhei vários ninhos...
No inverno, refugiaram-se
ali, os passarinhos...

Nem toda construção
o tempo destrói ou
a ferrugem corrói...
Se o amor é forte,
não o esquece o coração...


(Autora: Stella Vives)

Nenhum comentário: