sexta-feira, 4 de maio de 2012

Soneto à maneira de Camões


Esperança e desespero de alimento
Me servem neste dia em que te espero
E já não sei se quero ou se não quero
Tão longe de razões é meu tormento.

Mas como usar amor de entendimento?

Daquilo que te peço desespero
Ainda que m'o dês - pois o que eu quero
Ninguém o dá se não por um momento.

Mas como és belo, amor, de não durares,

De ser tão breve e fundo o teu engano,
E de eu te possuir sem tu te dares.

Amor perfeito dado a um ser humano:

Também morre o florir de mil pomares
E se quebram as ondas do oceano. 

(Autora: Sophia de Mello Breyner Andresen)

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