UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Extravio



Eu caibo inteiro na minha linguagem
assim como não caibo em minha imagem.

Nada me importa o mundo mudo,

se é lógico, se é lindo ou se é de fato.

No extravio de viagem que é a minha linguagem

eu não falo do ser: eu faço ser. 

(Autor: Alex Varella)

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