UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 6 de maio de 2012

Despedidas


Despedidas são assim,
com cara de chuva que inunda,
com cara de noite que tira luz,
com cara de perda do que nunca se teve...
vêm, apenas vêm...
tira de nós algo de brilho, algo de bom...
algo de nosso,
algo de alguém... apenas vem...
despedidas doem,
arrebatam a alma,
trazem à tona tristeza...
a lágrima aflora...
O peito estoura,
Num combinar fúnebre...
No véu do não mais olhar...
Seja lá que despedida for,
só conheço uma boa:
a despedida da tristeza...
Mas essa a alegria cobre...
nem se vê como despedida...
inundada pelo bem-estar,
o bem querer de ter a vida...
e, na vida, a felicidade...
despedidas,
dos que vão por ciclo natural da vida...
dos que vão por opção,
dos que têm que ir...
dos que a vida distanciam,
por tudo que reside nela...
pela hora errada,
pela situação errada...
na vontade suprimida em cada um...
mas, se tem que ter despedidas,
tchau, enfim...
Alguém sai da sala de nossas vidas...

(Autora: Jane Lagares)

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