UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 14 de janeiro de 2012

Solidão



Eu e as palavras,
Somente...
Em ausência de fala
Penso nelas

Seduzo as atrevidas,
Silencio as tímidas
Língua em mente
Sabor e prazer

Por vezes, as escolho
Por outras, elas a mim
Não me importo;
Deixo-as pensando
Enquanto me escrevo

Eu, as palavras
E ponto.

(Autor: Mário Dellal)

Nenhum comentário: