quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Vê, vê Corina, e foges se puderes



Vendo o soberbo Amor, que eu resistia
Ao seu poder com ânimo arrogante,
Mostrou-me um doce, angélico semblante
Que a própria Vênus invejar devia.

Minha néscia altivez, minha ousadia
Em submissão troquei no mesmo instante;
E o deus tirano, achando-me triunfante,
Com voz insultadora me dizia:

“Tu, que escapar às minhas setas queres,
Vil mortal, satisfaze o teu desejo,
Vê, vê Corina, e foge, se puderes”.

“Amor (lhe respondi) rendido a vejo;
Adoro os olhos seus, com que me feres,
Venero as tuas leis, teus ferros beijo”.

(Autor: Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage)

Nenhum comentário:

Postar um comentário