UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Platéia


O mundo circula a minha volta
cada qual com sua história,
hoje sou platéia vendo
a vida que corre lá fora.
Sou platéia,
não contraceno mais,
deixarei o meu papel de lado
para ver do que o destino é capaz.
Irei aplaudir,
sorrir,
chorar,
porque agora sou platéia
não represento mais.
Quando a vida gira demais,
é hora de parar o relógio,
repensar e refletir os fatos
deixar de ser autor e ser
o leitor dos nossos próprios atos.
Agora sou platéia,
observando o que fiz de certo
e errado, analisando minha história
de vida como num filme projetado.
E no final desta história
serei meu próprio jurado
não me julgarei
porque a vida já me fez seu
condenado.
(Autora: Leni Martins)

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