terça-feira, 27 de setembro de 2011

A fermosura desta fresca serra


A fermosura desta fresca serra
E a sombra dos verdes castanheiros,
O manso caminhar destes ribeiros,
Donde toda a tristeza se desterra;

O rouco som do mar, a estranha terra,
O esconder do sol pelos outeiros,
O recolher dos gados derradeiros,
Das nuvens pelo ar a branda guerra;

Enfim, tudo o que a rara Natureza
Com tanta variedade nos of'rece,
Me está, senão te vejo, magoando.

Sem ti, tudo me enjoa e me aborrece;
Sem ti, perpetuamente estou passando
Nas mores alegrias mor tristeza. 

(Autor: Luis Vaz de Camões)

Nenhum comentário:

Postar um comentário