UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Asas



Deixe-me voar,
devolvam-me as asas escondidas
não são asas de anjo
são asas de minha vida.
Deixe-me voar,
dê-me condições de saltar
no vento, não me cortem as asas
não são asas de pássaro,
são asas do pensamento.
Dê-me asa de anjo, ou de
Pássaro errante
quero voar distante,
ver estrelas brilhantes
deixar o tempo me levar.
Não me cortem as asas,
Deixe-me voar,
não são asas de anjo
são meus braços estendidos no ar
abraçando a liberdade,
deixe-me voar.

(Autora: Leni Martins)

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