UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Anjos, poemas e borboletas



Ora vejam, que apalermada!
Escapuliu-me um poema...

Deixei que batesse asas
como uma borboletinha
Borboletas são como anjos
E anjos são poesia

Estão aqui
em algum lugar

Anjos são rarefeitos
Raros e perfeitos
como idéias
e palavras

Luminescência subtil
difícil de enxergar

Mas voam...

Voam mas...

Voltam...

E quando enfim
retornarem
estarei bem mais esperta

Capturarei sem alanhar
borboletas e poesias
no céu
feito criança a brincar

Transcenderei
e transformarei poemas
em anjos
de papel...

(Autora: Rossana Masiero)

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