UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 7 de maio de 2011

Mãe, arquiteta de uma Vida




Mãe, construtora de vidas...
Que árdua e complexa é a tua missão!

Desde o início, a natureza te mostra que lidar com a vida requer esperar, que o teu trabalho não poderá se dissociar da paciência, do acolhimento, do respeito pelo outro, da capacidade de ser flexível, da doação.

Mãe, arquiteta de uma vida... Como você é boa em fazer projetos, em fazer escolhas, em planejar caminhos, em tecer expectativas quanto àquele que nascerá de teu ventre...

Entretanto, como é difícil, muitas vezes, para você aprender que esta vida tem vida própria, que é teu filho, mas não é teu.

Como pode ser lento teu aceitar que esta vida, para aprender, irá precisar de teu exemplo, muito mais do que de tuas palavras, que vai se apoiar em teus valores para construir os próprios e que estes, não raro, serão diferentes dos teus...

Na realidade, muitas vezes, arquitetas teus próprios sonhos, esperando que teu filho os concretize, mas te esqueces que ele precisa ser livre para escolher e realizar os próprios.

Já pensaste que este ser precisa ouvir e ser ouvido, para poder compartilhar sua existência, que se alimenta primeiro de teu seio, mas depois de toda a tua compreensão e capacidade de perdoar, para aprender a amar?

Já descobriste que irás falhar ao tentar acertar, mas, que será por não te ver querendo ser perfeita, que teu filho te amará e respeitará?

Mãe, tua missão é grande e difícil. Não contes com a certeza de que tudo sairá conforme planejastes. Desenvolve, sim, a capacidade de lidar com o inesperado, com a diferença e com a instabilidade que existe nas relações.

E, se ao final, aquele que criaste puder gerar seus próprios filhos, com amor e segurança, abraça a alegria de ter cumprido com tua missão, mãe, arquiteta de vidas...

(Autora: Elisabeth Salgado)

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