sábado, 26 de fevereiro de 2011

Entre o luar e a folhagem



Entre o luar e a folhagem,
Entre o sossego e o arvoredo,
Entre o ser noite e haver aragem
Passa um segredo.

Segue-o minha alma na passagem.
Tênue lembrança ou saudade,
Princípio ou fim do que não foi,
Não tem lugar, não tem verdade.

Atrai e dói. Segue-o meu ser em liberdade.
Vazio encanto ébrio de si,
Tristeza ou alegria o traz ? 
O que sou dele a quem sorri ?
Nada é nem faz.
Só de segui-lo me perdi.
 
(Autor: Fernando Pessoa)

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