UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O Pinheirinho de Natal

Era uma vez um pinheirinho
nascido no fundo de uma floresta.
Os raios dourados do sol acariciavam-no
e a brisa dançava por entre a sua verde ramagem.
O orvalho umedecia-lhe as raízes e
ao seu redor cresciam flores e ervilhas.
- Seja feliz, repetiam os raios dourados do sol.
Mas os pinheiro não se sentia feliz .
Ele queria ter grandes galhos e ser tão grande galhos
e se tão alto que pudesse ver o mundo lá de cima.
O pinheirinho gostava tanto de conhecer outras terras
O tempo passou.
Chegou o natal.
Um lenhador entrou na mata olhou o pinheiro e disse:
- É preciso ser belo vou cortá-lo.
O pinheiro ficou cheio de alegria,
mas ao primeiro golpe desfaleceu de dor.
Quando acordou estava numa rica sala enfeitada de fios de ouro,
bolas de mil cores centenas de velinhas
e lá no alto uma estrelas brilhantes.
Na noite de Natal crianças vieram cantar ao seu redor
Como o pinheirinho se sentia feliz
Muitos dias se passaram arrancaram-lhe os enfeites
e levaram o pinheiro para um porão escuro.
Nunca mais ele viu a luz do dia.
Começou, então, a pensar na mata, nos raios de sol,
na brisa, no cavalo, nas flores e até nas ervinhas.
Um belo dia farias pessoas entraram no porão.
Um criado arrastou o pinheirinho até o terraço da casa
e o jogou num canto do jardim.
Pouco depois um rapaz de machado em punho
picou o pinheirinho em pedaços
e amarou-os num canto para queimá-los por fim ,
todo em cinzas acabou a euforia de um
pinheirinho ambicioso que só soube dar valor à felicidade
depois que a perdeu.

(Autor Desconhecido)

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