UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 18 de dezembro de 2010

Cantiga do Natal


Eis o Natal brilhando novamente...
Sob as lembranças em que me aprofundo,
Revejo-te, Jesus, sobre a palha singela
No Grande Alvorecer, iluminando o mundo.

Torno a escutar os anjos e os pastores
Na divina canção que o tempo nos descerra:
- "Glória a Deus nas Alturas, paz aos homens,
Boa vontade para toda a Terra!..."

Parece-nos reter na estrela inesperada
A resposta de Deus à profecia,
Enviando às nações a Lei do Amor
Em celestes mensagens de alegria.

Os séculos passaram, muitas vezes
Vendo o império da morte em lutas fratricidas;
No entanto, quanto mais a treva surge e passa,
Mais dominas, Senhor, em nossas vidas.

Sabemos nós que a inteligência humana,
Senhoreando agora a ação de nobres gênios
Arma novo conflito em que se apaguem
Os ódios e ambições de passados milênios...

Entretanto, no mundo, o amor se estende,
O progresso do bem se espalha e avança,
Unem-se os templos para a mesma fé,
A claridade é luz de socorro e esperança.

O Natal reaparece... A Terra inteira
Renova-se ao clarão de Sol renovador.
E cantamos, Jesus, sentindo-te a presença:
- Louvado seja Deus! Bendito seja o amor!...
 
(Autora: Maria Dolores - Psicografada por Francisco Cândido Xavier)

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