no escuro túnel de milênios
que te desmembraste do sol
por uma aspiração extrema.

de vulcões de cinzas de lavas
movente sem base nem topo
talvez pela fome do lar
giras em torno do teu deus.

imaginas que sejam teus
os astros em afluência prontos
para a decoração das noites.

por fatalidade ou magia.
Contudo já não és a mesma
tantas vezes desmoronaram
tuas montanhas, tantas vezes
estremeceram os teus vales
em invento e composição.

exposta à intempérie. E à premência
do homem que a carne te lacera
para defender seu quinhão.

o exercício criador de formas
em modelos que se renovam
com seus êxitos e deslizes.

dos teus cristais de faces múltiplas.
Ofuscou-se diante da alvura
alma e corpo dos alabastros.
Perdeu-se de si próprio em busca
de ouro ferro petróleo urânio.

o homem te ama de amor insano
pleno de luxúria e cobiça.
Mas ao desconserto resistes.

aniquilas o aventureiro
que ainda cinzela de teus mármores
o hipogeu para o sono intérmino.
Por fim os pés que te pisaram
repousaram sob tua égide.
(Autora: Henriqueta Lisboa)
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