UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 3 de julho de 2010

Cada tempo tem o seu tempo

Não tenho o poder de tirar a sua dor,
e acredito que ninguém o tem.

Nem mesmo Deus,
pode interferir no nosso arbítrio,
se é tempo de chorar, chore,
se é tempo de geme, gema,
se é tempo de recordar, recorde,
se é tempo de saudade profunda, sinta-a.

Mas, não se demore além
do tempo necessário.

Tempo que o próprio tempo vem dizer-lhe.
Este sim, poderoso consolador,
vem abrandar, jamais apagar,
a marca da dor,
usando a alquimia das horas,
a magia simples do amor.

Por isso,
não te peço que esqueça o ente querido,
ou o amigo inesquecível que morreu.

Não te peço que arrume outro amor hoje,
para esquecer este
que tanto marcou e partiu.

Nem sou louco para te pedir que
perdoe imediatamente,
quem tanto mal te fez.

Nem eu, nem Deus, que tudo espera.
Senhor do tempo, Senhor do Amor,
envia refrigérios para a alma aflita,
na forma de uma música bonita,
uma mensagem bem escrita,
uma poesia, ainda que sem rima,
que toca no coração,
pega a sua mão e diz:
- Vem, é tempo de renascer.

Se a lágrima que ainda rola
no seu rosto,
queima a face, é tempo de refletir.

Talvez seja a hora
de recomeçar o caminho,
seguir pela estrada que ainda
reclama passos,
ir adiante, além da dor e do grito,
rumo ao seu futuro, rumo ao infinito.
Deus te ama profundamente...

Eu acredito em você
Cada tempo tem o seu tempo
(Autor: Paulo Roberto Gaefke)

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