quinta-feira, 8 de abril de 2010

Cruz Repartida

A divisão da CRUZ DO CALVÁRIO,
começa quando CRISTO é crucificado
entre dois ladrões (Mc 15,27).
Vejamos:
O evangelista Lucas no cap.23,vers.39-43 escreve:
Um dos malfeitores, suspensos à cruz, o insultava dizendo:
"Não és tu o Cristo, salva-te a te mesmo e a nós",
mas o outro, tomando a palavra, o repreendia!
Nem sequer temes a Deus estando na mesma condenação?",
Quanto a nós, é de justiça,
pagamos por nossos atos, mas ele não fêz nenhum mal.
E acrescentou: "Jesus lembra-te de mim, quando vieres com teu reino".
Ele respondeu: "Em verdade, eu te digo, hoje estarás comigo no paraíso".
Suspenso na cruz, o Mestre continuava ensinando.
Nessa repartição da cruz temos de um lado,
alguém que ironizava, que desacreditava, que duvidava.
Do outro lado,
alguém que respeitava, que enxergava, que acreditava.
Através dos tempos, ambos multiplicaram-se.
Diz-nos o relato bíblico que o povo permanecia no Gólgota olhando.
Os chefes porém zombavam dizendo:
A outros salvou, que salve a si mesmo, se é o Cristo de Deus, Eleito.
Os soldados também caçoavam dele;
aproximando-se, traziam vinagre e diziam:
Se és o rei dos judeus,
salva-te a ti mesmo (Lc 23,35-37).
Ainda em (Lc 23,50-53) completa-se essa outra divisão da cruz:
"José de Arimatéia, membro do conselho,
homem bom e justo,
procurou Pilatos e pediu o corpo de Jesus.
Descendo-o da cruz, envolveu-o num lençol,
e colocou-o numa tumba talhada na pedra,
onde ninguém havia sido posto".
No Getsêmani, angustiadíssimo, por três vezes Jesus pede ao Pai
que se quiser afaste o cálice da CRUZ,
mas não obtém resposta.
Resigna-se.
Dobra-se obedientemente à Vontade de Deus.
Nessa ocasião, Deus o pai, humanizado,
estende-se na CRUZ com o SEU FILHO
para SORVER junto tão amargo cálice,
comungando daquela Hora Suprema.
Recordemos Jesus afirmando:
"Eu e o Pai somos um".(Jo 10,30).
Eis a CRUZ REPARTIDA.
Coloquemo-nos como pai, sacrificando um filho e avaliemos a dor de Deus;
coloquemo-nos como filho, vendo o seu pai
imolando-se por si e imaginemos a dor de Jesus.

E pensarmos que foi por nós, ingratos,
insensíveis filhos seus.
A cruz foi repartida com os apóstolos
e com a multidão que se acostumara
a ouvi-Lo e d'Ele receber os mais sábios ensinamentos
e milagrosas curas.
A divisão da cruz acontece com lancinante dor em Maria,
Mãe amada de Jesus,
que procura ser forte permanecendo de pé
junto ao seu filho(Jo 19,25-2),
ensinando-nos a suportar as cruzes da vida
com resignação, coragem e fé.
Cruzando o tempo,
continuam visíveis as três cruzes
do Gólgota no alto da nossa fé,
falando-nos de um Deus supremo e carinhoso,
um Deus solidário e fiel,
um Deus esquecido mas não vingativo,
um Deus que se abaixou´para juntar-se
indiscriminadamente a crentes e descrentes,
a exemplo daqueles dois lá do Gólgota,
crucificados lado a lado com Jesus.
Também nós, hoje,
carregamos nossas cruzes,
imolamo-nos nelas,
somos por elas triturados
e nem sempre entendemos.
Nós os identificamos entre outros nos golpes,
nas traições,
nas injustiças,
nas perseguições,
nos males incuráveis,
no mundo das drogas
e outros vícios,
nos abandonos,
nas palavras ferinas,
no desprezo,
na viuvez,
luto e orfandade.
Na hora da identificação somente a fé
e a aceitação são capazes de apontar soluções,
de determinar procedimentos,
de orientar devidamente.
Aceitar a cruz, entender a cruz,
e permitir que Deus ajude-nos a carregá-la.
O PAI NOSSO e a ORAÇÃO DO DESERTO
(Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus vivo, tende piedade de mim),
repetidos incessantemente,
noite e dia,
no máximo de quatro dias,
trazem paz e serenidade,
aliviam a angústia que
oprime o peito impedindo até de respirar bem.
Tranquilizados,
agarrados firmemente em Deus,
os problemas aos poucos
vão dissolvendo-se mesmo que a solução
não seja a que queríamos.
É que Deus está atento
ao que é melhor para nós
e que só Ele conhece por penetrar
no mais íntimo de cada um,
por sermos ovelhas do seu rebanho.
Repartamos nossa CRUZ com AQUELE que a repartiu primeiro,
repartiu sem contabilizar afrontas,
ofensas e desatenções,
mas doando-se por inteiro ferindo-se,
sacrificando-se e triturando-se,
com amor,ternura e perdão.

(Autora: Elisabeth Mendonça)

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