não troca de discurso,
evita as próprias contradições.
repetindo todos os dias o mesmo trajeto
e as mesmas compras no supermercado.
Quem não troca de marca,
não arrisca vestir uma cor nova,
não dá papo para quem não conhece.
o seu guru e seu parceiro diário.
Muitos não podem comprar um livro
ou uma entrada de cinema,
mas muitos podem,
e ainda assim alienam-se diante
de um tubo de imagens que
traz informação e entretenimento,
mas que não deveria,
mesmo com apenas 14 polegadas,
ocupar tanto espaço em uma vida.
quem prefere o preto no branco
e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis,
justamente as que resgatam brilho nos olhos,
sorrisos e soluços,
coração aos tropeços,
sentimentos.
quando está infeliz no trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
quem não se permite,
uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não acha graça de si mesmo.
Pode ser depressão,
que é doença séria
e requer ajuda profissional.
Então fenece a cada dia
quem não se deixa ajudar.
e na maioria das vezes
isso não é opção e, sim, destino:
então um governo omisso pode matar lentamente
uma boa parcela da população.
da má sorte ou da chuva incessante,
desistindo de um projeto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira,
pois quando ela se aproxima de verdade,
aí já estamos muito destreinados
para percorrer o pouco tempo restante.
demore muito para ser o nosso dia.
Já que não podemos evitar um final repentino,
que ao menos evitemos a morte em suaves prestações,
lembrando sempre que estar vivo exige
um esforço bem maior do que simplesmente respirar.
(Autora: Martha Medeiros)
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