UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 30 de abril de 2013

O Sonho



Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas
que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.

Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância
das pessoas que passam por suas vidas.

(Autora: Clarice Lispector)

A Eternidade



Achada, é verdade?
Quem? A Eternidade.
É o mar que se evade
Com o sol à tarde.
Alma sentinela
Murmura teu rogo
De noite tão nula
E um dia de fogo.
A humanos sufrágios,
E impulsos comuns
Que então te avantajes
E voes segundo...
Pois que apenas delas,
Brasas de cetim,
O Dever se exala
Sem dizer-se: enfim.
Nada de esperança,
E nenhum oriétur.
Ciência em paciência,
Só o suplício é certo.
Achada, é verdade?
Quem? A Eternidade.
É o mar que se evade
Com o sol à tarde.

(Autor: Arthur Rimbaud -Tradução de Ivo Barroso)

Canção da Profecia



Quando a alvorada anunciar:
luminosidade nas entranhas da terra,
liberdade na criação dos sonhos,
eternidade na vivência do amor,
os riachos cantarão a canção dos anjos,
os pássaros afinados farão coro,
as crianças alegres dançarão.
Os homens em sintonia,
envoltos em fluidos coloridos
de uma energia maior,
elevarão seus pensamentos e,
num clima de fertilidade,
plantarão mudas de esperanças,
acenderão  archotes
e vigiarão... em oração.
Vestidos de luz,
num abraço universal,
irradiarão amor
e uma grande paz envolverá o mundo.
Então será Natal!

(Autora: Dúnia de Freitas)

Música



O carinho que te fiz
foi, em seus gestos sutis,
comparável ao afago
com que a lua esmalta o lago!

O carinho que te fiz
foi, em seus gestos sutis,
comparável ao sabor
com que o aroma orvalha a flor!

O carinho que te fiz
foi, em seus gestos sutis,
comparável ao alento
com que a folha aspira o vento!

O carinho que te fiz
foi, em seus gestos sutis,
comparável ao momento
em que o infeliz é feliz!...

(Autor: Attilio Milano)

Soneto



Só o coração é alto e doce,
Por entre tantas amarguras,
Por entre ásperas baixezas,
Por entre tantos desprimores.

Só o coração é como um sino,
em velha torre enegrcida,
Úmida,feia,apodrecendo
Prestes a ruir e se perder.

Só o coração canta celebra
Piedade e amor, glória e beleza
Nos ares, lúcidos e frios.

Só o coração procura a vida,
E como um sino plange e canta,
Pelos que vêm pelos que vão!

(Autor: Augusto Frederico Schmidt)

sábado, 27 de abril de 2013

Bom Fim de Semana!


Amiga, preciso lhe falar...


Algumas pessoas dizem...


Cada dia mais...


Para você, Amiga!


Amiga...

Adoro nossa amizade!


Anjo!

Bom dia!

Cinco coisas que aprendi com o lápis



Primeiro: você pode fazer grandes coisas, 
mas não deve esquecer nunca que 
existe uma Mão que guia seus passos. 
Esta mão nós chamamos de Deus, 
e Ele deve sempre conduzí-lo 
em direção à sua vontade. 

Segundo: de vez em quando eu preciso
 parar o que estou escrevendo,
 e usar o apontador.
 Isso faz com que o lápis sofra um 
pouco, mas, no final, ele está mais afiado.  
Portanto, saiba suportar algumas dores,
 porque elas o farão ser uma pessoa melhor.

 Terceiro: o lápis sempre permite que usemos uma 
borracha para apagar aquilo que estava errado. 
Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não 
é necessariamente algo mau, 
mas algo importante para nos manter no
caminho da justiça. 

Quarto: o que realmente importa no lápis 
não é a madeira ou sua
forma exterior, mas o grafite que está dentro.
Portanto, sempre cuide daquilo que
 acontece dentro de você e, finalmente a

Quinta: o lápis sempre deixa uma marca. 
Da mesma maneira, saiba que tudo que você fizer na vida, 
irá deixar traços.

(Autor Desconhecido)

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Livro de Leitura



O livro mais primoroso
É o livro do amor,
Eu o li com atenção:
Poucas folhas de alegrias,
Cadernos inteiros de dores;
Para a ausência, um parágrafo.
Reencontro! um curto capítulo,
Fragmentário. De mágoas, tomos inteiros
Repletos de explicações,
Sem término e sem medida.
Oh, Nisami! - Mas, no fim,
Achaste o caminho justo;
O insolúvel, quem o resolve?
Os que se amam e voltam a encontrar-se.

(Autor: Johann Wolfgang Von Goethe -Tradução de Samuel Pfromm Netto)

Conflito



Tenho medo das águas do destino
a invadirem o que penso e faço,
numa linha de infinda
contradição.
Eu sou assim:
quero fugir mas chamo,
quero ficar mais me assusta
não ter em mim nada seguro
e certo.

Nunca receio a alegria,
para a qual todos os milagres
são normais.
Mas quando tarda quem amo,
meu coração fica exposto
e aberto.

E mesmo assim eu persisto,
e ainda assim espero
ainda, como criança sozinha
atrás do muro.

(Autora: Lya Luft)

Intervalo



Quem te disse ao ouvido esse segredo
Que raras deusas têm escutado -
Aquele amor cheio de crença e medo
Que é verdadeiro só se é segredado?...
Quem te disse tão cedo?

Não fui eu, que te não ousei dizê-lo.
Não foi um outro, porque não sabia.
Mas quem roçou da testa teu cabelo
E te disse ao ouvido o que sentia?
Seria alguém, seria?

Ou foi só que o sonhaste e eu te o sonhei?
Foi só qualquer ciúme meu de ti
Que o supôs dito, porque o não direi,
Que o supôs feito, porque o só fingi
Em sonhos que nem sei?

Seja o que for, quem foi que levemente,
A teu ouvido vagamente atento,
Te falou desse amor em mim presente
Mas que não passa do meu pensamento
Que anseia e que não sente?

Foi um desejo que, sem corpo ou boca,
A teus ouvidos de eu sonhar-te disse
A frase eterna, imerecida e louca -
A que as deusas esperam da ledice
Com que o Olimpo se apouca.

(Autor: Fernando Pessoa)