UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Tarde Outonal



É tarde, muito tarde!
Frio na rua,
lua encoberta,
voos rasantes nas quimeras do olhar
tangem o fascínio ao voo abstrato,
onde se funde o meu olhar ao olhar intangível.
Quem me dera...
varrer do pensamento os sonhos inocentes
suspensos no silêncio.
O amor que serviu de inspiração, como a arte da vida,
esconde nos labirintos as luzes viva dos desejos,
emerge a geometria
da beleza no mirar repleto de mistérios.
Viajo no tempo que tristemente escorre nas mãos,
atravessa imensa vereda, refugia-se numa luz
para fitar a romântica trajetória da vida.
No cair da tarde-noite, acordar do sono breve
a musa com pétalas de rosas vermelhas flutuando
na brisa alada do vento.
Quanto nos unimos, reunimos todos os sentimentos
impregnados de uma magia que toca fundo o coração,
devorando devaneios rumo ao mais feliz dos amores,
incrível força anima o nosso corpo,
faz da vida uma sinfonia de vozes, cores,
velados sussurros amorosos.

(Autor: Paulo Silveira de Ávila)

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