UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O Sorriso de um Palhaço



Abriram-se as cortinas vermelhas
das lonas azuis estreladas.
– Atenção garotada!...
Grita o mestre de cerimônias.
– O show agora vai começar.
E lá no alto da arquibancada
para o picadeiro a olhar,
estava eu bem sentada
            com minha atenção voltada,
            para o palhaço a pular.
            Em meio a tanta alegria
            meu coração disparava.
            Meu Deus!... quanto magia
            o circo me despertava.
            E justo naquele dia,
            mais um ano eu completava.
            No meio do show, de repente,
            parado a minha frente
            estava o palhaço “Buzão”,
            trazendo no rosto, contente,
            um doce e singelo presente
            que aflorou minha emoção.
            Nada mais bonito existe,
            que o sorriso de um palhaço...
            Que faz outro rosto sorrir.

         (Autora: Simone Borba Pinheiro)

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