UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Hai-Kais


Árvore cortada
No tronco tão machucado
-O verde brotando.

Malas nas mãos.
Nos olhos tantas lágrimas.
Casa inundada.

Foi tão rica a safra!
Até os arrozais se curvam
Em reverência.

Estrela de inverno
Embora distante e fraca
Procura brilhar. 
(Autora: Eunice Arruda)

Nenhum comentário: