UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Como Antes


Quero fazer poesias como outrora
onde sobravam amores e paixões,
alguns nascidos ali, na mesma hora,
e outros guardados já nos corações.

Poesias eram então como se cânticos
subissem ao céu em honra e em louvor
dos poetas nascidos tão românticos
que não faziam se não cantar o amor.

Hoje essa inspiração já não se usa,
e os meus versos só falam de saudade
sempre lembrando algo que acabou.

E esta tristeza da falta de uma musa,
criada na imaginação, ou de verdade,
é tudo que a poesia me legou. 

(Autor: Amaury da Fonseca Nicolini)

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