UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 2 de janeiro de 2010

Reis Magos



Os Reis Magos são personagens que vieram do Oriente, guiados por uma estrela, para adorar o Deus Menino, em Belém (Mateus 2, 1-12).

Ignora-se a providência dos Reis Magos, este episódio foi apenas relatado no Evangelho de São Mateus e, mesmo assim, de forma muito resumida e vaga. Só com o passar do tempo, se foram acrescentando detalhes, para se sanarem as lacunas deixadas no Evangelho em relação a esta história.

A designação "Mago" era dada, entre os Orientais, à classe dos sábios ou eruditos, contudo esta palavra também era usada para designar os astrólogo. Isto fez com que, inicialmente, se pensasse que estes magos eram sábios astrólogos, membros da classe sacerdotal de alguns povos orientais, como os caldeus, os persas e os medos.

Posteriormente, a Igreja atribuiu-lhes o apelido de "Reis", em virtude da aplicação liberal que se lhes fez do Salmo 71,10.

Quanto ao número e nomes dos Reis Magos são tudo suposições sem base histórica, aliás algumas pinturas dos primeiros séculos mostram dois, quatro e até mesmo doze Reis Magos adorando Jesus. Foi uma tradição posterior aos Evangelhos que lhes deu o nome de Baltasar, Gaspar e Belchior (ou Melchior), tendo-se também atribuído a cada um características próprias.

Belchior (ou Melchior) seria o representante da raça branca (européia) e descenderia de Jafé; Gaspar representaria a raça amarela (asiática) e seria descendente de Sem; por fim, Baltasar representaria todos os de raça negra (africana) e descenderia de Cam.
Estavam assim representadas todas as raças bíblicas (e as únicas conhecidas na altura: os semitas, os jafetitas e camitas. Pode então dizer-se que a adoração dos Reis Magos ao Menino Jesus simboliza a homenagem de todos os homens na Terra ao Rei dos Reis, mesmo os representantes do tronos, senhores da Terra, curvam-se perante Cristo, reconhecendo assim a sua divina realeza.

Esta idéia das fiferentes raças só surgiu no século XVI, assim só a partir deste século é que se começou a considerar que Baltasar era negro, de forma a que se pudesse abranger todas as raças.

Nota: Jafé, Sem e Cam são os três filhos de Noé, que segundo o Antigo Testamento representavam as três partes de mundo e as três raças que o povoavam naquele tempo.

Para além desta simbologia, pela cultura a cristã, os Reis Magos simbolizam que os que os poderosos e abastados devem curvar-se perante os humildes, despojando-se dos seus bens e colocando-os aos pés dos demais seres humanos, ou seja, devem partilhar a sua fortuna com os mais pobres.
Também em relação às idades dos Reis Magos tudo são suposições sem nenhuma base histórica. Só no século XV, se fixou que Belchior teria 60 anos, Gaspar estaria com 40 anos e Baltasar 20 anos.

Tem de se ter em atenção que as características físicas e as idades dos Reis Magos variam consoante o autor.

O Dia de Reis celebra-se a 06 de Janeiro, partindo-se do princípio que foi neste dia que os Reis Magos chegaram finalmente junto ao Menino Jesus. Em alguns países é no dia 06 de Janeiro que se entregam os presentes.

Ao chegarem ao seu destino, os Reis Magos deram como presentes ao Menino Jesus:

- Ouro (oferecido por Belchior): este representa a Sua nobreza. O ouro simboliza a Sua divindade, Sua perfeição e Sua absoluta pureza. Mas o ouro também nos mostra a finalidade de Sua vinda, isto é, estabelecer o Seu reino divino sobre esta terra. O ouro é mencionado em primeiro lugar porque este é o alvo perfeito e original de Deus.
Melchior pegou a taça de ouro e diz:
"Até hoje somente reis beberam nesta taça. Agora ela será iluminada pela Tua Luz. Aceita o Ouro."

- Incenso (oferecido por Baltazar): representa a divindade de Jesus. O incenso simboliza o aroma da vida de Cristo. Ele agradou a Deus, pois procurava fazer a vontade de Seu Pai: O incenso simboliza a perfeição da vida de Jesus, totalmente sem pecado. Ele, o Filho de Deus, foi o "Cordeiro sem defeito e sem mácula, branco e brilhante, puro e perfeito" (1 Pe 1.19). Em tudo o que Jesus fez e disse, em todos os Seus passos e obras, Ele foi um aroma agradável diante de Seu Pai.Baltazar entregando o incenso disse:
"Criança Divina! Trago-te o incenso do mesmo que era queimado nos rituais sagrados do velho templo da montanha. Abre-nos uma Nova Era."

- Mirra (oferecido por Gaspar): a mirra é uma erva amarga e simbolizava o sofrimento que Cristo enfrentaria na Terra, enquanto salvador da Humanidade, também simbolizava Jesus enquanto homem. A mirra iria simbolizar o seu sacrifício pela humanidade na cruz do calvário. A mirra provém de um arbusto espinhoso de madeira cheirosa. O gosto dela é amargo como fel e dentre outras coisas era usada como anestésico. Antes da crucificação deram a Jesus "vinho com mirra, ele, porém, não tomou". (Mc 15,23) Ele se tornou pecado por nós (2 Co 5,21), e carregou "em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados" (1 Pe 2,24) até as últimas consequências. "Nicodemos, aquele que anteriormente viera ter com Jesus à noite, foi, levando cerca de cem libras de um composto de mirra e aloés. Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com os aromas, como é de uso entre os judeus na preparação para o sepulcro" (Jo 19,39-40). Na sua primeira vinda, Jesus foi como que envolvido por mirra, Ele foi cercado de muitas dores e sofrimentos.
Gaspar ofereceu mirra dizendo:
"Menino da Estrela! Aceita a mirra que nasceu no poço que continha a última água. Sob tua luz a Fonte da Vida vai começar fluir."

Nesse momento, os reis entraram em transe. E viram tudo o que iria acontecer para frente. Ao levantarem-se estavam transformados. Despediram-se dizendo que a estrela estava em seus corações. Ao voltarem tinha decidido descansar no palácio de Herodes, mas um anjo apareceu em seus sonhos, dizendo-lhes para não irem, pois ele queria o mal da Criança. Depois de voltarem para seus países, contando as boas novas para o povo, foram para um retiro espiritual no alto das montanhas.

Assim, os Reis Magos homenagearam Jesus como Rei na Sua realeza (ouro), como Deus na Sua divindade (incenso) e como Homem na Sua humanidade (mirra).

Coloca-se a questão de saber como é que os Reis Magos associaram o aparecimento da Estrela com o Nascimento de Jesus. A verdade é que existem várias teorias, mas não há como saber qual delas é a correta. Uma dessas teorias considera que os Reis Magos descobriram a relação entre o novo astro e o Nascimento de Cristo.

Mais explicações sobre esta questão e outras relacionadas com os Reis Magos são dadas através de textos apócrifos, isto é, textos não reconhecidos pela Igreja.

Contudo estes textos foram, de um modo geral, escritos nos séculos II e III da era cristã, para preencherem lacunas sobre a vida de Jesus e de outras personagens do Novo Testamento, assim objetivo destes era saciar a curiosidade religiosa, transformando o vago em concreto, independentemente da veracidade dos fatos, daí não estarem incluídos nos chamados Livros Canônicos.

Simbologia dos Presentes (Ouro, Incenso e Mirra)

Como já foi dito, o incenso simboliza o sacerdócio, o ouro a realeza e a mirra o sofrimento de Jesus na Terra. Contudo, também se tem entendido que estes produtos simbolizavam as várias idades do Homem: a juventude e fecundidade do trabalhador; a maturidade do guerreiro; e, por fim, a velhice do sacerdote.

O imaginário medieval (época muito propicia à criação de lendas) considera que o incenso, o ouro e a mirra, levados pelos Reis Magos a Jesus, eram provenientes das terras lendário Preste João, que ficavam ao lado do Paraíso Terreno. Esta lenda do Preste João relaciona-se com a idéia de uma Sociedade Ideal, a criação de um Mundo Utópico, um mundo justo, sem carências e sem violências.

Estes três presentes também faziam lembrar o entendimento que n Idade Média se tinha da Santíssima Trindade: o Pai era visto como o sacerdote, o Filho como o rei, e, finalmente, o Espírito Santo como produtor.

(Autor: Desconhecido)

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