UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 31 de março de 2009

Domingo de Ramos


Com o Domingo da Paixão ou Domingo de Ramos, dá-se início à Semana Santa. É nesta semana que a preparação para celebrar a Páscoa se torna mais intensa. No fim do longo itinerário quaresmal rumo à Páscoa, a semana santa começa a mostrar a riqueza do mistério pascal em vários dias, de conformidade com a história evangélica. "Neste dia, a Igreja celebra a entrada de Cristo em Jerusalém, para cumprir seu mistério pascal", o Cristo é reconhecido pelo povo como Messias, que vem realizar todas as promessas dos profetas. Todos os quatro evangelistas registram este evento e sublinham-lhe a importância. Assim, cumpre a profecia de Zacarias (Zc 9,9): "Dance de alegria, cidade de Sião; grite de alegria, cidade de Jerusalém, pois agora o seu rei está chegando, justo e vitorioso. Ele é pobre, vem montado num jumento".

A origem do Domingo da paixão "in palmis" seria um costume popular do século V, em Jerusalém, que na tarde do Domingo fazia uma procissão solene para comemorar a entrada de Jesus na cidade. A procissão de palmas iniciava-se no Monte das Oliveiras em direção à cidade, imitando assim a entrada do Senhor em Jerusalém. O sucesso e a popularidade desta evocação comemorativa dão-se porque a comunidade revive, dramatiza, a cena evangélica da entrada de Jesus em Jerusalém lida no início, refazendo depois o percurso feito por Cristo. A procissão não estava ligada a uma celebração eucarística. No início do século VII esses costumes passaram do Oriente para a Espanha e a Gália. Somente no século XII que será aceita em Roma. A única procissão recordada pelo NT é a entrada de Jesus em Jerusalém (Mt 21,1-11; Mc 11,1-11; Lc 19, 29-40; Jo 12,12-19). O AT descreve quatro procissões extraordinárias: a tomada de Jericó (Js 6,1-16), o transporte da arca para Jerusalém ( 2Sm 6,12-19; 1Cr 15,25-16,3), a procissão de Neemias (Ne 12,27-43), e a de Judite (Jt 15,12-16,18). Todas têm como meta Jerusalém, onde termina com a oferta dos dons e dos holocaustos.•A entrada de Jesus em Jerusalém é a conclusão do ritual de uma peregrinação e como preâmbulo do sacrifício da cruz. (cf Lc 19,45).

O Messias apresenta-se com o aparato dos conquistadores, mas é montado num burrinho (como no cortejo que consagrará Salomão, 1Rs 1,33). As aclamações da multidão são extraídas do Sl 117,25s; a palma, que na mentalidade helenista tem significado de vitória (1Mc 13,51; Jo12,13; Ap 7,9), lembra as celebrações da festa dos tabernáculos, em cujos dias Israel imitava a caminhada pelo deserto. Durante esta procissão, Jesus chora sobre Jerusalém e dois dias depois pronunciará o seu discurso escatológico (cf. Lc 19,41-44).

O Domingo de Ramos é o 6º Domingo da Quaresma e ocupa um lugar de destaque no conjunto de 40 dias. Tem como finalidade: preparar imediatamente a Páscoa. Não faz parte do Tríduo Pascal, mas tem uma grande importância para a celebração da morte e ressurreição do Senhor, de modo especial pela comemoração da entrada do Senhor em Jerusalém. Esta celebração dá a tônica para toda a semana santa, especialmente para os últimos dias dela. Durante as cinco semanas da Quaresma, a Igreja se preparou: pela oração, pela penitência, pela caridade, pelos encontros de estudo e reflexão da Palavra, para a Semana Santa. Com este Domingo inicia-se a "Semana Grande".

Na liturgia, revivem e se revelam os dois aspectos fundamentais da Páscoa: a entrada messiânica de Jesus em Jerusalém e a memória da sua Paixão. Este é o único Domingo no qual se faz tal memória da Paixão do Senhor.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Aceitação!


Por que simplesmente não aceitas os fatos e vives a vida com tudo que ela te oferece?

Perdes-te e perdes tanto tempo procurando explicações
para as explicações, que a razão verdadeira acaba ficando terrivelmente mutilada, transfigurada, e o fato perde a razão de ser.

É na simplicidade e na alegria com que vives
e realiza as tarefas, desde as maiores até
as menores, que encontrarás respostas.

Quando cessarem tuas buscas e tua alma aceitar
"sem lutas", todo o teu dia-a-dia, terás então,
enfim satisfeita, tua necessidade de questionar.

Verás simplesmente o que simplesmente recebestes,
e distribuirás fartamente o que simplesmente tens na vida:
a própria vida!

(Autor Desconhecido)

Quantas vezes...


Quantas vezes nós pensamos em desistir
deixar de lado o ideal e os sonhos.

Quantas vezes batemos em retirada
com o coração amargurado pela injustiça.

Quantas vezes sentimos o peso da responsabilidade
sem ter com quem dividir.

Quantas vezes sentimos solidão
mesmo cercado de pessoas.

Quantas vezes falamos
sem sermos notados.

Quantas vezes lutamos
por uma causa perdida.

Quantas vezes voltamos para casa
com a sensação de derrota.

Quantas vezes aquela lágrima teima em cair
justamente na hora em que
precisamos ser fortes.

Quantas vezes pedimos a Deus
um pouco de força, um pouco de luz.

E a resposta vem, seja lá como for
um sorriso, um olhar cúmplice,
um cartãozinho um bilhete,
um gesto de amor.

E a gente insiste.
Insiste em prosseguir
em acreditar
em transformar
em dividir
em estar
em ser

E Deus insiste em nos abençoar
em nos mostrar o caminho.
Aquele mais difícil
mais complicado, mais bonito.

E a gente insiste em seguir
porque tem uma missão...

SER FELIZ!

Lição de Perseverança!


Já observou a atitude dos pássaros perante as adversidades?
Ficam dias e dias fazendo seu ninho, recolhendo materiais, às vezes trazidos de locais distantes...

... E quando ele já está pronto e estão preparados para pôr os ovos, as inclemências do tempo ou a ação do ser humano ou de algum animal destrói o que com tanto esforço se conseguiu...

O que faz o pássaro? Pára, abandona a tarefa?

De maneira nenhuma. Começa, outra vez, até que no ninho apareçam os primeiros ovos.
Muitas vezes, antes que nasçam os filhotes, um animal, uma criança, uma tormenta, volta a destruir o ninho, mas agora com seu precioso conteúdo...

Dói recomeçar do zero... Mas ainda assim o pássaro jamais emudece, nem retrocede, segue cantando e construindo, construindo e cantando...

Já sentiu que sua vida, seu trabalho, sua família, seus amigos não são o que você sonhou?

Tem vontade de dizer basta, não vale a pena o esforço, isto é demasiado para mim?

Você está cansado de recomeçar, do desgaste da luta diária, da confiança traída, das metas não alcançadas quando estava a ponto de conseguir?

Mesmo que a vida o golpeie mais uma vez, não se entregue nunca, faça uma oração, ponha sua esperança na frente e avance. Não se preocupe se na batalha for ferido, é esperado que algo assim aconteça. Junte os pedaços de sua esperança, arme-a de novo e volte a ir em frente.

Não importa o que você passe... Não desanime, siga adiante.
A vida é um desafio constante, mas vale a pena aceitá-lo.
E, sobretudo... Nunca deixe de cantar.

(Autor Desconhecido)

Especial!


Especial é usado para descrever algo lindo
Como um anoitecer,
Um pôr-de-sol,
Uma pessoa que transmite o amor,
Que nos apóia sem se impressionar.
Com um sorriso ou um gesto amável,
Sempre faz questão de nos escutar.
Especial é quem
Age com um coração puro
E mantém na mente os corações de outros.
Especial
Aplica-se a algo admirado,
Que não pode nunca ser substituído.
Especial é a palavra
Que tenho para descrever
"Você!"

Ilumina Senhor!


Ilumina meus olhos
Para que eu veja os defeitos da minha alma e vendo-os, para
que eu não comente os defeitos alheios.

Senhor,
Leva de mim a tristeza
E não a entregueis a
mais ninguém...
Encha meu coração com a divina fé, para sempre louvar
o vosso nome e arranca de mim o orgulho e a presunção.

Senhor,
Faze de mim um ser humano
realmente justo...
Dá-me a esperança de vencer
Minhas ilusões todas.
Planta em meu coração
a sementeira do amor
E ajuda-me a fazer feliz
O maior número possível
de pessoas, para ampliar seus dias
risonhos e resumir suas noites
tristonhas...

Transforma meus rivais em
companheiros, meus companheiros
em amigos e meus amigos em
entes queridos...

Não permita que eu seja
um cordeiro perante os fortes
Nem um leão perante os fracos...

Dá-me, Senhor,
o sabor de perdoar
e afasta de mim o desejo
de vingança, mantendo sempre
em meu coração somente o amor...

domingo, 29 de março de 2009

Hei você!

Psiu... Ei você!!!
Você mesmo você que está aí olhando...
Que tal uma paradinha para refletir... e refletir sobre você ... Pensar em tudo de bom que existe aí dentro desse coração!
Saiba que você é uma pessoa maravilhosa, capaz de fazer muita coisa boa, útil e expressiva, se quiser, e que no seu coração estão guardadas coragem e confiança suficientes para realizar seus desejos.
Mas não se esqueça, de buscar em cada minuto de seus dias, motivos de alegria e esperança, não se importando com as situações adversas que aparecem.
Você deve escolher ser feliz e tornar isso possível, com pensamentos positivos, não perdendo nunca o entusiasmo pela vida e pelo amor, mas principalmente, tendo a certeza de que Deus sempre abençoa quem ama e quem faz da vida um prazer.
Um dia maravilhoso com muita Paz para você!

(Autor desconhecido)

Seja você mesmo

Você é o resultado de si mesmo...
Nunca culpe ninguém, nem se queixe de nada nem dos outros, porque somente você faz sua vida.
Aceite a responsabilidade de edificar-se a si mesmo e de acusar-se pelo fracasso para recomeçar a corrigir-se.
O triunfo do verdadeiro ser humano surge das cinzas do erro.
Nunca se queixe do meio onde vive ou dos que o cercam. Nesse mesmo ambiente, há os que souberam vencer.
As circunstâncias são boas ou más, de acordo com a vontade e a força de seu coração.
Aprenda a transformar qualquer situação difícil em uma arma triunfal.
Não se queixe da pobreza, do estado de saúde ou da sorte; enfrente-os corajosamente e aceite que, de qualquer modo, são resultados de seus atos... e a prova de que você deve vencer.
Não se queixe da falta de dinheiro.
Qualquer momento é bom para começar, e nenhum é tão terrível para desistir.
Não se amargure com os próprios fracassos nem os atribua a outros.
Aceite-se agora ou sempre dará desculpas como uma criança.Deixe de enganar-se.
Comece agora mesmo! Você é a causa de si mesmo, de sua tristeza, sua necessidade, sua dor, seu fracasso.
Sim você foi o ignorante, o viciado, o insaciável, o desordenado e o irresponsável. Você, mais ninguém.
A causa de seu presente é seu passado, como a de seu futuro será seu presente.
Aprenda com os fortes, os ativos, os audaciosos. Imite os corajosos, os enérgicos, os vencedores, os que não aceitam que uma situação seja difícil, os que vencem apesar de tudo.
Pense menos em seus problemas e mais em seu trabalho, e suas dificuldades acabarão.
Aprenda a ser maior que o mais forte dos obstáculos.
Dentro de você, há uma pessoa capaz de qualquer coisa. Olhe-se no espelho de si mesmo. Reconheça-se pela coragem e vontade, não pela
fraqueza de justificar-se.
Ao auto conhecer-se, você será livre e forte e deixará de ser uma marionete das circunstâncias.
Porque você é seu destino, e ninguém pode substituí-lo na construção dele.
Levante-se, olhe a manhã repleta de luminosidade e força, respire a luz do amanhecer. Você é parte da força da vida.
Desperte, caminhe, mexa-se, lute, decida-se.
E você triunfará na vida.

(Autor desconhecido)

Uma nova maneira de amar


Mais do que nunca a frase "Qualquer maneira de amor vale a pena" faz sentido.
O mundo vive tanto desamor, indiferença e sacanagem, que o afeto será sempre bem-vindo, qualquer que seja a sua forma.
Não falo apenas do amor romântico, aquele que acontece entre duas pessoas.
Falo do amor que flui o tempo todo, em todas as direções, a qualquer hora.
Isso é o que está faltando.
Todos podem ser uma fonte de amor.
Sendo amorosos com cada um que encontramos amorosos em tudo o que faz só o amor dá segurança.
Só o amor tem razão, pelo simples fato de não pretender tê-la.
O amor aproxima as coisas mais distantes, ele vence o tempo o espaço e o amor universal é a única saída.
Há muitas famílias que vivem em seus lares como se tivessem numa espécie de redoma, vendo o mundo externo como uma ameaça.
E o resultado disso, é que encontramos pessoas bastante desconfiadas, sem nenhum senso de cooperação social...
Toda renúncia, entrega de si, toda dedicação operosa, todo devotamento para eles parece perda ou atitude inútil.
O interesse individual passou a ser de ordem suprema.
Na busca da autenticidade, muitos conceitos vão sendo questionados.
Cada um desenvolve as suas próprias idéias, querendo que o outro se comporte de acordo com elas.
Você espera receber aquilo que precisa e esquece que a natureza do amor está exatamente no oposto: no interesse puro de ajudar no crescimento alheio, no desejo de participar na construção de um mundo melhor.
Sem amor para consigo mesmo impossível amar ao próximo.
A maturidade deste momento está na busca do respeito de dentro para fora e não a partir de uma ordem que determina o certo e o errado.
A base é o respeito por si mesmo, o reconhecimento do ser único.
Hermann Hesse diz:
"Dar sentindo a vida é missão de amor. Quanto mais somos capazes de amar e de nos dedicar a alguém, tanto mais plena de sentindo se torna nossa vida".

(Autor desconhecido)

Prometa a si mesmo


Ser forte de maneira que nada possa perturbar
a sua paz de espírito.

Falar de saúde, felicidade e prosperidade a toda pessoa que encontrar.

Fazer os amigos sentirem que há alguma coisa
de superior dentro deles.

Olhar para o lado glorioso de todas as coisas e fazer
com que o otimismo se torne uma realidade.

Pensar sempre no melhor, trabalhar sempre
pelo melhor e esperar somente o melhor.

Esquecer os erros passados e preparar-se
para melhores realizações no futuro.

Ter tanto entusiasmo e interesse pelo sucesso
alheio como pelo próprio.

Dedicar tanto tempo ao próprio aperfeiçoamento
que não lhe sobre tempo para criticar os outros.

Fazer um bom juízo de si mesmo e proclamar este fato ao mundo, não em altas vozes, mas em grandes feitos.

Viver na certeza de que o mundo estará a seu lado,
enquanto lhe dedicar o que há de melhor em si mesmo.

(Autor Desconhecido)

sábado, 28 de março de 2009

Oração à Senhora do Silêncio


“Mãe do silêncio e da humildade, Tu vives perdida e encontrada no mar sem fundo do Mistério do Senhor.

Tu és disponibilidade e receptividade. Tu és fecundidade e plenitude. Tu és atenção e solicitude pelos irmãos. Estás revestida de fortaleza. Resplandecem em Ti a maturidade humana e a elegância espiritual. És senhora de Ti mesma antes de ser Nossa Senhora.

Em Ti não existe dispersão. Em um ato simples e total, tua alma, toda imóvel, está paralisada e identificada com o Senhor. Estás dentro de Deus, e Deus dentro de Ti. O Mistério total te envolve e te penetra e te possui, ocupa e integra todo o teu ser.

Parece que em Ti tudo ficou parado, tudo se identificou contigo: o tempo, o espaço, a palavra, a música, o silêncio, a mulher, Deus. Tudo ficou assumido em Ti, e divinizado.

Jamais se viu figura humana de tamanha doçura, nem se voltará a ver nesta terra uma mulher tão inefavelmente evocadora.

Entretanto, teu silêncio não é ausência, mas presença. Estás abismada no Senhor e ao mesmo tempo atenta aos irmãos, como em Caná. A comunicação nunca é tão profunda como quando não se diz nada, e o silêncio nunca é tão eloqüente como quando nada se comunica.

Faz-nos compreender que o silêncio não é desinteresse pelos irmãos ou pela vida mas fonte de energia e irradiação; não é encolhimento e sim projeção. Faz-nos compreender que, para que se derrame de si, é preciso preencher-se.

Afoga-se o mundo no mar da dispersão, e não é possível amar os irmãos com um coração disperso. Faz-nos compreender que o apostolado, sem silêncio, é alienação, e que o silêncio, sem apostolado, é comodidade.

Envolve-nos em teu manto de silêncio e comunica-nos a fortaleza de tua Fé, a altura de tua Esperança e a profundidade de teu Amor. Fica com os que ficam e vem com os que partem.

Ó Mãe Admirável do Silêncio!"

O Silêncio


O silêncio tem uma dupla maneira de se impor a nós: provém da nossa pobreza ou brota de uma plenitude. Frequentemente é necessário que o silêncio nos chegue através do sentimento de nossa pobreza. Isto acontece muito simplesmente quando nos damos conta de que não somos capazes de pronunciar a palavra como se deveria. Jesus se mostrou severo em confronto com as palavras inúteis pronunciadas pelo fiel com leviandade (cf. Mt 12, 36). A palavra foi dada ao homem para dar testemunho da Palavra de Deus, para dar graças, bendizer e adorar a Deus. Ao invés disso, nossas palavras tornaram-se uma das ocasiões mais fáceis para ofender a Deus, para ferir os irmãos e assim, faltar com a caridade, infringir a lei do amor. Uma certa discrição no falar é sinal de que somos conscientes disto e de que desejamos sinceramente não pronunciar outras palavras senão aquelas que chegaram à maturidade em nosso coração. Um tal silêncio provém, antes de tudo, de um vazio em nós, mas de um vazio lucidamente vivido e aceito.

Mas existe um outro silêncio: aquele que brota de uma plenitude que existe em nós. Santo Isaac, o sírio, escrevia: «Esforça-te, antes de tudo, por calar-te. Disto nascerá em nós o que nos conduzirá ao silêncio. Que Deus te conceda, então, de sentir o que nasce do silêncio. Se fazes assim, levantar-se-á em ti uma luz que não sei explicar. Da ascese do silêncio nasce no coração, com o tempo, um prazer que impele o corpo a permanecer pacientemente na paz. E vêm as lágrimas abundantes, primeiro no sofrimento, depois no êxtase. O coração, então, sente o que discerne no profundo da contemplação maravilhosa».

Este silêncio é já oração ou, segundo ainda Santo Isaac, «linguagem dos séculos vindouros». O silêncio testemunha a plenitude da vida de Deus em nós, plenitude que deve renunciar a toda palavra humana para exprimi-la de maneira adequada. Por um certo tempo, somente as palavras da Bíblia conseguem ainda expressá-la um pouco, mas depois chega o momento, no qual somente o silêncio pode dar conta da extraordinária riqueza que nos foi dado descobrir no nosso coração.

É este um silêncio que se impõe com doçura e com força ao mesmo tempo, mas de dentro para fora. A oração torna-se lei de si mesma. Ela faz compreender quando é necessário calar e quando é necessário falar. É puríssimo louvor, e ao mesmo tempo, uma assombrosa irradiação. Um silêncio assim jamais fere alguém. Ele estabelece ao redor do silencioso uma zona de paz e de quietude, na qual Deus pode ser percebido como presente, de maneira irresistível. «Guarda o teu coração na paz», dizia São Serafim de Sarov, «e uma multidão ao teu redor será salva».

Deserto, silêncio, solidão


Deserto, silêncio, solidão. Para um espírito que compreenda a tremenda importância destes três elementos na caminhada espiritual, abrem-se inúmeras perspectivas e oportunidades de todos os lados, até mesmo nos congestionados labirintos e armadilhas que são as ruas das grandes cidades.
Mas, como pode alguém, na prática, ir ao deserto e conseguir a solidão? Parando! Pare! Deixe que a estranha e mortal inquietude do nosso tempo caia dos seus ombros, como um manto empoeirado e gasto – este manto que um dia, talvez, tenha sido considerado belo. A inquietude, o desassossego já foram considerados poeticamente como um tapete mágico e voador em demanda de um apressado amanhã. Hoje ele perdeu sua bela máscara poética e não passa de uma fuga de si mesmo, um desvio da jornada para dentro de si mesmo que todo homem deve empreender para encontrar-se com Deus nas profundezas de seu próprio coração.
Pare! Olhe bem no fundo das motivações que a vida lhe oferece. Elas são tais que possam constituir fundamentos para a santidade? Sim, porque, de fato, todo homem foi criado para ser santo, para amar o Amor que por nós morreu! Só existe uma tragédia na vida: a de não se ser santo! Se as motivações que sua vida lhe oferece não servem de fundamentos para santidade, então é preciso começar tudo de novo, até encontrar outras que sirvam. E isto pode ser feito. Deve ser feito. E nunca é tarde para tentar fazê-lo!
Pare! Levante a Deus as mãos e o coração, pedindo-lhe que a força do seu Espírito possa desfazer e levar embora todas as teias de temores, egoísmos, cobiças e muitos outros fios em que se enreda e se emaranha seu coração. Que as labaredas deste Espírito desçam até você, até todos nós, devastando o que foi mal construído e deixando coragem para reconstruir direito!
E todas estas paradas, nossas idas ao deserto, não necessariamente precisam ser feitas em um lugar retirado, mas podem também ser feitas em pleno barulho e plena atividade da vida diária de cada pessoa, qualquer que seja o seu estado de vida. São paradas que trazem ordem à alma, a ordem de Deus. E esta ordem divina trará consigo a tranqüilidade e a serenidade do mesmo Deus. E com ela virá o silêncio interior.

SEMANA SANTA – A Última Ceia


Entre os acontecimentos que se sucederam nos últimos momentos de Jesus Cristo, está a Instituição da Eucaristia. Daí decorre a instituição do sacerdócio ministerial e o sinal de serviço marcado pelo amor que é verdadeira entrega. É neste contexto que se situa o LAVA PÉS.
O evangelista João é o único a colocar dentro do contexto da Última Ceia de Jesus com os seus discípulos este episódio em que Jesus se levanta da mesa, depõe o manto, cinge-se com uma toalha e começa a lavar os pés dos discípulos.

É muito interessante podermos citar o texto por completo (Jo.13,1-20) para que o leitor possa perscrutá-lo na Sagrada Escritura, para um entendimento verdadeiro do que Jesus estava fazendo. Vejamos alguns pontos fundamentais:
“Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. Durante a ceia, quando já o diabo pusera no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, o projeto de entregá-lo, sabendo que o Pai tudo pusera em suas mãos e que ele viera de Deus e a Deus voltava, levanta-se da mesa, depõe o manto e, tomando uma toalha, cinge-se com ela. Depois põe água numa bacia e começa a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido” (Jo.13,1-5).
Este gesto não foi criado por Jesus Cristo, e, portanto não era desconhecido pelos seus discípulos. Isso se fazia no Oriente todas as vezes que se entrava em casa vindo de uma caminhada nas estradas, pois, ou se andava com os pés descalços ou revestidos apenas com um tipo de sandália. E, portanto não era diferente com Jesus e os seus discípulos nas estradas poeirentas de toda a Galiléia e região.
Então porque Pedro se recusa de uma forma tão decidida, a deixar-se lavar por Jesus? “Senhor, tu, lavar-me os pés?... Jamais me lavarás os pés!” (Jo.13,6ss). Pedro sabia muito bem que quem fazia este serviço na casa era o servo, ou o escravo e, às vezes, a mulher do chefe da casa. Este, porém era considerado o serviço mais humilde do escravo e do servo, e isso ele nunca iria aceitar do seu “Mestre e Senhor”.
Jesus aceita ser chamado de Mestre e Senhor e confirma que o é, mas demonstra que este seu gesto não será apenas um sinal de limpeza, purificação ou de acolhida do hóspede que chega. Esta sua atitude manifesta a superação de todo este sentido antigo para expressar, antes de qualquer coisa, a confirmação do seu amor e as suas conseqüências “...tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”, e, em seguida, para determinar o caminho pelo qual também deverá passar todo aquele que quer ser seu discípulo “...também deveis lavar-vos os pés uns aos outros... dei-vos o exemplo para que , como eu vos fiz, também vós o façais”, palavra que Ele havia dito aos discípulos e que agora tornava visível na sua própria vida através desta atitude “...aquele que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o servo de todos. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”.
Estamos, portanto diante de uma atitude de Jesus que nos leva a olhar para os diversos aspectos daquele acontecimento, daquela Ceia que era a última, antes de “passar ao Pai”. O primeiro aspecto deste ato foi o despojar-se de Jesus, da sua dignidade de Mestre diante dos discípulos “...depõe o manto... cinge-se com uma toalha, toma uma bacia com água” como fazia o escravo, realizando aquilo que Paulo depois na carta aos Filipenses vai narrar “...mas se despojou, tomando a forma de escravo” (Fil.2,7).
O seu serviço humilde e despojado se realiza até as últimas consequências e se manifesta numa entrega profunda de toda a sua vida.
Este é o ponto central da liturgia da Quinta-feira Santa que se realiza na Eucaristia, ou seja, a entrega de Jesus por nós e o convite a que, a partir deste momento, também a nossa vida seja uma entrega ao irmão para realizar a verdadeira comunhão (do grego koinonia), sinal de uma verdadeira comunidade eucarística.
Um outro aceno deste gesto do Lava-pés é a lembrança do nosso batismo que nos leva ao significado mais profundo da entrega na cruz. A água que nos purifica e regenera, nos leva a partilhar com Cristo da vida nova, do homem transfigurado que se reveste da glória de Deus, o Homem novo que sai vitorioso da submissão e do sofrimento misterioso da cruz.
A liturgia de Quinta-feira Santa à noite abre para nós o Tríduo Pascal, onde viveremos todo o mistério pascal tendo como centro a Vigília Pascal, que é a mãe de todas as vigílias celebradas pela Igreja.
Hoje é urgente que este gesto de Jesus aconteça entre nós como um verdadeiro sacramento de serviço e fraternidade.

O Valor e a Importância da Santa Ceia para a Igreja de Cristo


A Importância da Santa Ceia para a Igreja de Cristo: A Ceia do Senhor, é uma das Festas mais solene da Igreja, de muitíssima importância. A sua importância relaciona-se com o passado, o presente e futuro.
Sua importância no Passado:
É um ato «memorial» (gr. anamnesis) da morte de Cristo no Calvário, para nos remir da condenação (Luc 22.19; 1 Cor 11.24-26). «...Fazei isto em memória de mim...». Este é um importante elemento na Ceia do Senhor Jesus. Trata-se de uma memorial em face de tudo quanto Cristo foi e fez pelos homens, sobre tudo em sua expiação. Umas das funções da Ceia do Senhor é de fazer-nos lembrar a redenção que possuímos através de Cristo, que estende potencialmente a todos os homens, tal como a páscoa levou a nação de Israel a lembrar-se de sua redenção da servidão no Egito. Na celebração da Santa Ceia, as nossas mentes se voltam para o Calvário, relembrando do Sacrifício de Jesus, em nosso favor. Embora, que em todo tempo devemos lembrar-nos deste Santo Sacrifício, todavia, temos um dia especifico e oportuno para esta comemoração e meditação. É também um ato de «ação de graças» (do grego eucharistia) pelos benefícios provenientes do sacrifício de Jesus Cristo (Mt 26.27,28; Marc 14.23; Luc 22.19). «...Fazei isto...», isto é, «repeti este rito memorial, em lembrança de minha pessoa». Cumpre-nos relembrar tudo quanto Cristo fez em prol da humanidade, na redenção e na esperança que Ele nos trouxe; não permitamos que a sua vida seja vã para conosco, reconheçamos a importância da mesma. Tudo isso devemos perenemente relembrar.
A ordenança sobre o elemento «memorial» da Ceia do Senhor, é levada a efeito para mostrar Cristo aos homens, para conservá-lo na lembrança dos crentes, e, sobretudo para relembra a «morte» de Cristo. É importante conservar o seu sacrifício expiatório perante os olhos dos homens. Este «memorial» entrou em vigor desde que Cristo encerrou a última refeição pascal com os seus discípulos, até à sua vinda. Por conseguinte, a Ceia do Senhor Jesus é uma forma especial de «ação de graças», pelo dom inefável de Jesus Cristo, o Redentor de todos os homens.
Sua importância no Presente:
A Santa Ceia expressa a nossa «comunhão» (do grego koinonia) com Cristo e, de nossa participação nos benefícios oriundos da Sua morte sacrificial e ao mesmo tempo expressa a nossa «comunhão» com os demais membros do Corpo de Cristo (1 Cor 10.16,17). A Santa Ceia, a mesa do Senhor Jesus é o lugar onde Cristo, o hospedeiro, se encontra com os remidos, é a mesa onde os dons preciosíssimos são dados e recebidos. É o lugar onde Cristo se identifica com a necessidade humana, a verdadeira necessidade, a necessidade da alma. A Santa Ceia é o símbolo da nossa união com Cristo. É o sinal externo e visível de uma graça interna e invisível. A Santa Ceia é uma festa de «ação de graças» onde rompemos em louvor a Cristo. Lembre-nos que a Mesa é do Nosso Senhor, Ele é quem nos convida a participar deste ato glorioso, foi Ele que se ofereceu e se entregou por nós, o convite é de Cristo, o hospedeiro, nós somos os seus convidados. Que glorioso é saber que Cristo não está ausente, mas presente conosco, de uma forma tão tremenda, que d'Ele participamos, ao comermos do pão e bebermos do suco da videira, os elementos que representam essa comunhão.
Sua importância no Futuro:
A Santa Ceia é um ato que antevê a volta iminente de Jesus Cristo para arrebatar a Sua Igreja e, um antegozo em podermos participar com Cristo, na Ceia das Bodas do Cordeiro (esta Ceia não é literal, mas figurada, espiritual, mística, pois lá (no reino celestial) não existe nem pão e nem suco de uva, (Lc 22.17,18,30; Ap 19.9)). Uma das expectações de Paulo com relação à vinda de Cristo era a comemoração da Ceia do Senhor, quando esperançoso ele disse aos coríntios: «Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha» (1 Cor 11.26).
«...anunciais a morte do Senhor, até que ele venha». Cristo foi arrebatado de nós em sua presença física. Mas até mesmo essa sua presença física nos será restaurada. Paulo vivia na expectação diária desse acontecimento, visto que não esperava o grande intervalo da era da Igreja, que já se prolonga por quase vinte séculos. Mediante a adição destas palavras, ele determinou a prática contínua da ordenança da Ceia do Senhor, até a restauração da presença visível do Senhor Jesus. Isso ensina a «perpetuidade» desse rito; e vai de encontro à interpretação dos «hiperdispencionistas», os quais ensinam que o batismo em água e Ceia do Senhor não tinha por intuito fazer parte das atividades permanentes da era da Igreja, mas antes, que deveriam ser eliminados, como sucedeu a todos os ritos e cerimônias, a fim de que a pura graça reinasse sem quaisquer ordenanças que simbolize a fé cristã. Mateus (o único entre os evangelhos sinópticos) concorda com Paulo sobre o sabor escatológico e profético da Santa Ceia (Mt 26.29; 1Cor 11.26). Nela não só exibimos a morte do Nosso Senhor, «até que ele venha», mas também pomo-nos a meditar o sobre o tempo em que ele voltará para celebrar a Sua Santa Comunhão com os que lhe pertence, em seu reino glorioso. Cada celebração da Ceia do Senhor Jesus é uma prelibação e antecipação profética do grande banquete de casamento que está sendo preparado para a Igreja.

As bênçãos e a segurança para aqueles que celebram a Santa Ceia

O Sacrifício de Jesus Cristo e a Santa Ceia estão inseparavelmente ligados. Consideramos que A Ceia do Senhor Jesus é uma «Festa espiritual em torno do Seu Sacrifício» (1Cor 10.14-22). «Em memória de mim...» (Lc 22.19; 1Cor 11.25,26). Visto que o sacrifício de Cristo tem que ser espiritualizado em tantos pontos, a linguagem acerca da Festa em torno de Seu sacrifício é indubitavelmente espiritualizada também, mas não deve ser despida do seu significado. Não participamos de um Cristo meramente físico, mas do Cristo Glorificado, o Deus que se encarnou. O modo pelo qual Cristo se mostra disponível para a nossa participação sobre a terra, hoje em dia, é presumivelmente na qualidade de Espírito Santo (Jo 14.16,17; 1 Cor 3.16).
Semelhantemente, quando Jesus tomou o pão e o vinho (fruto da videira) e deu aos Seus discípulos, dizendo: «Fazei isto em memória de mim», não estava simplesmente a exortá-los para que mantivessem boa comunhão entre si, mas estava transmitindo um rito mediante o qual podiam mostrar em símbolo a Sua Presença Eterna com a Sua Igreja. Assim é que a Igreja tem aceitado o simbolismo das ordenanças; o Batismo em Água e a Ceia do Senhor Jesus. No pão e no vinho (fruto da videira) o adorador recebe mediante a fé, o verdadeiro Corpo e o Sangue de Cristo. Porque celebrar a Santa Ceia é participar de tudo o que Cristo fez por nós. Nas águas do Batismo simbolicamente significa a identificação da pessoa com Jesus Cristo na Sua morte, sepultamento e ressurreição e também o seu ingresso no Corpo de Cristo, externando que a pessoa é Igreja de Cristo (Rom 6.3-5; Col 2.12). Com essas ações a Igreja simboliza sua fé; mediante disto, as ordenanças não são apenas ilustrações, «mas também canais prescritos para a recepção da graça Divina» Enquanto estamos neste mundo, as ordenanças e os símbolos são necessários. Somente um espírito desencarnado é que pode ignorar estes fatos. O cristianismo é uma religião espiritual e mística, mas, todavia, que tem os seus símbolos, que representam a verdade acerca do Cristianismo. Por isto, ao celebrarmos a Ceia do Senhor Jesus de modo correto e ordeiro, conforme os principio bíblicos, observando todo o estatuto para dela participarmos, podemos assegurar:
A) A Nossa genuína comunhão com Jesus Cristo:
Ao participarmos da Santa Ceia estamos garantindo a nossa comunhão com Cristo, a Cabeça da Igreja. Afinal fomos chamados à comunhão com Jesus Cristo e através da Santa Ceia, ao participar-se dela é que nós demonstramos e provamos esta comunhão. A nossa comunhão com Cristo só é assegurada quando participamos do Seu Corpo e do Seu Sangue, quem não participa do Seu Corpo e do Seu Sangue não está em comunhão com Ele e, não tem a Vida Eterna (João 6.53–58). Ao celebrarmos da Santa Ceia, participamos da alegria, da vida, dos sofrimentos e da Glória de Jesus Cristo (2 Cor 1.3-7; 1 Ped 4.12-14). Afinal vivemos e participamos de Cristo (2 Cor 5.15). Cristo não é apenas o organizador da festa; Ele é a própria festa.
B) Nossa participação nos benefícios provindos do Sacrifício de Jesus Cristo:
Na participação do Corpo e do Sangue de Cristo, demonstramos (tanto internamente como externamente) que seriamente temos aceitado o Sacrifício de Cristo e, que pela fé, assim fazendo, estamos compartilhando de todos os Benefícios oriundos daquEle Santo Sacrifício (Rom 3.24,25; 4.25; 5.6-21; 1 Cor 5.7; 10.16; Ef 1.5,7; 2.13; Cl 1.20; Heb 9-10; 1Pd 1.18-21; Ap 1.5).
C) Nossa comunhão com os demais membros do Corpo de Cristo:
Primeiro é preciso termos comunhão com Cristo, a Cabeça do Corpo, mas também se faz necessário em ter comunhão como os demais membros do corpo de Cristo, a Sua Igreja (Atos 2.42: Filip 1.22; Col 1.18; 1 João 1.7). Ao celebrarmos a Santa Ceia de Cristo comprovamos a nossa «unidade espiritual» em Cristo Jesus e, que compartilhamos dos mesmos propósitos, da mesma fé, do mesmo amor, da mesma Palavra, das mesmas promessas, da mesma pureza e da esperança futura com Cristo na Sua Glória (João 17.21; Atos 20.34-38; Rom 12.5,10-20; 1 Cor 10.17; 12.12-27; Gál 3.28; Efés 4.13; 2 Tim 2.3). A Santa Ceia reúne todos os comprometidos com Cristo em torno dEle, pois está Presente conosco. Ninguém pode dizer que está em comunhão com Jesus Cristo e conosco se não participar do Seu Corpo e do Seu Sangue (João 6.53-58).
Ao Celebrarmos a Santa Ceia, estamos assegurando o nosso arrebatamento para o céu: Alguém pode chegar a pensar que o arrebatamento da Igreja e a Ceia do Senhor Jesus são casos distintos, ou que o arrebatamento independe da celebração da Santa Ceia de Cristo. Todavia, aqueles que não participam da Santa Ceia de Cristo ou participam indignamente, podem estar preparados para o arrebatamento da Igreja de Cristo? a) Como estão preparados se não estão em comunhão com Cristo e com a Sua Igreja! b) Se não estão discernindo o Corpo e o Sangue de Cristo, nos elementos da Santa Ceia! c) Não estão participando dos benefícios oriundos do Sacrifício de Jesus Cristo! d) Se não estão em santificação! Por isso, dissemos com precisão, aqueles que comem o pão e o cálice do Senhor Jesus, conforme o estatuto contido nestes ensinamentos estão preparados para a qualquer momento serem arrebatados (Sal 24.3-5; Mat 5.8; Col 2.10; Heb 12.14; 1 Cor 11.29). Por conseguinte, a Ceia do Senhor Jesus é o nosso «alimento e bebida espiritual» que satisfaz os anseios da nossa alma, significando participação no Cristo ressuscitado, garantindo-nos a Vida Eterna (João 6.32-32,48-58). Não podemos esquecer, que o simbolismo da Santa Ceia expressa a realidade espiritual e mística, da nossa participação no Sangue e no Corpo de Cristo. Sem essa participação espiritual e mística (contato genuíno), simbolizada pelo pão e pelo suco de uva, não temos qualquer garantia de salvação.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Etimologia da Semana Santa


O Pão e o Vinho

São os elementos naturais que Jesus toma para que não só simbolizem, mas também se convertam em seu Corpo e seu Sangue e o façam presente no sacramento da Eucaristia. Jesus os assume no contexto da ceia pascal, onde o pão ázimo da páscoa judaica que celebravam com seus apóstolos fazia referência a essa noite no Egito em que não havia tempo para que a levedura fizesse seu processo na massa (Ex 12,8).
O vinho é o novo sangue do Cordeiro sem defeitos que, posto na porta das casas, evitou aos israelitas que seus filhos morressem na passagem de Deus (Ex 12,5-7). Cristo, o Cordeiro de Deus (Jo 1,29), ao que tanto se refere o Apocalipse, nos salva definitivamente da morte por seu sangue derramado na cruz. Os símbolos do pão e o vinho são próprios da Quinta-feira Santa no que, durante a Missa vespertina da Ceia do Senhor, celebramos a instituição da Eucaristia, da qual encontramos alusões e alegorias ao longo de toda a Escritura. Mas como esta celebração vespertina é o pórtico do Tríduo Pascal, que começa na sexta-feira Santa, é necessário destacar que a Eucaristia dessa quinta-feira Santa, celebrada por Jesus sobre a mesa-altar do Cenáculo, era a antecipação de seu Corpo e seu Sangue oferecido à humanidade no “cálice” da cruz, sobre o “altar” do mundo.

O Lava-pés

É o único que nos relata este gesto simbólico de Jesus na Última Ceia e antecipa o sentido mais profundo do "sem-sentido" da cruz. Um gesto incomum para um Mestre, próprio dos escravos, converte-se na síntese de sua mensagem e dá aos apóstolos uma chave de leitura para enfrentar o que virá. Em uma sociedade onde as atitudes defensivas e as expressões de autonomia se multiplicam, Jesus humilha nossa soberba e nos diz que abraçar a cruz, sua cruz, hoje, é ficar ao serviço dos outros. É a grandeza dos que sabem fazerem-se pequenos, a morte que conduz à vida.

Os Símbolos da Paixão

1. A Cruz
A cruz foi, na época de Jesus, o instrumento de morte mais humilhante. Por isso, a imagem do Cristo crucificado se converte em "escândalo para os judeus e loucura para os pagãos" (1Cor 1,23). Teve que passar muito tempo para que os cristãos se identificassem com esse símbolo e o assumissem como instrumento de salvação, entronizado nos templos e presidindo as casas e habitações, e pendendo no pescoço como expressão de fé. Isto demonstram as pinturas catacumbais dos primeiros séculos, onde os cristãos, perseguidos por sua fé, representaram a Cristo como o Bom Pastor pelo qual "não temerei nenhum mal" (Sl 22,4); ou fazem referência à ressurreição em imagens bíblicas como Jonas saindo do peixe depois de três dias; ou ilustram os sacramentos do Batismo e a Eucaristia, antecipação e alimento de vida eterna. A cruz aparece só velada, nos cortes dos pães eucarísticos ou na âncora invertida. Poderíamos pensar que a cruz era já a que eles estavam suportando, nos anos da insegurança e a perseguição. Entretanto, Jesus nos convida a segui-lo nos negando a nós mesmos e tomando nossa cruz a cada dia (cf MT 10,38; Mc 8,34; Lc 9,23). Expressão desse martírio cotidiano são as coisas que mais nos custam e nos doem, mas que podem ser iluminadas e vividas de outra maneira precisamente desde Sua cruz. Só assim a cruz já não é um instrumento de morte, mas sim de vida e ao "por que eu" expresso como protesto diante de cada experiência dolorosa substituímo-lo pelo "quem sou eu" de quem se sente muito pequeno e indigno para poder participar da Cruz de Cristo, inclusive nas pequenas "lascas" cotidianas.

2. A coroa de espinhos, o látigo, os pregos, a lança, a esponja com vinagre...
Estes "acessórios" da Paixão muitas vezes aparecem graficamente apoiados ou superpostos à cruz. É a expressão de todos os sofrimentos que, como peças de um quebra-cabeça, conformou o mosaico da Paixão de Jesus. Eles materialmente nos recordam outros sinais ou elementos igualmente dolorosos: o abandono dos apóstolos e discípulos, as brincadeiras, os cusparadas, a nudez, os empurrões, o aparente silêncio de Deus. A Paixão revestiu os três níveis de dor que todo ser humano pode suportar: física, psicológica e espiritual. A todos eles Jesus respondeu perdoando e abandonando-se nas mãos do Pai.

Os Símbolos da Luz

1. A Luz e o Fogo
Desde sempre, a luz existe em estreita relação com a escuridão: na história pessoal ou social, uma época sombria vai seguida de uma época luminosa; na natureza é das escuridões da terra de onde brota à luz a nova planta, assim como à noite lhe sucede o dia. A luz também se associa ao conhecimento, ao tomar consciência de algo novo, frente à escuridão da ignorância. E porque sem luz não poderíamos viver, a luz, sempre, mas sobre tudo nas Escrituras, simboliza a vida, a salvação, que é Ele mesmo (Sl 27,1; Is 60, 19-20). A luz de Deus é uma luz no caminho dos homens (Sl 119, 105), assim como sua Palavra (Is 2,3-5). O Messias traz também a luz e Ele mesmo é luz (Is 42.6; Lc 2,32). As trevas, então, são símbolo do mal, a desgraça, o castigo, a perdição e a morte (Jó 18, 6. 18; Am 5. 18). Mas é Deus quem penetra e dissipa as trevas (Is 60, 1-2) e chama os homens à luz (Is 42,7). Jesus é a luz do mundo (Jo 8, 12; 9,5) e, por isso, seus discípulos também devem sê-lo para outros (MT 5.14), convertendo-se em reflexos da luz de Cristo (2 Cor 4,6). Uma conduta inspirada no amor é o sinal de que se está na luz (1Jo 2,8-11). Durante a primeira parte da Vigília Pascal, chamada "lucenario", a fonte de luz é o fogo. Este, além de iluminar queima e, ao queimar, purifica. Como o sol por seus raios, o fogo simboliza a ação fecundante, purificadora e iluminadora. Por isso, na liturgia, os simbolismos da luz-chama e iluminar-arder se encontram quase sempre juntos.

2. O Círio Pascal
Entre todos os simbolismos derivados da luz e do fogo, o círio pascal é a expressão mais forte, porque reúne ambos. O círio pascal representa a Cristo ressuscitado, vencedor das trevas e da morte, sol que não tem ocaso. Acende-se com fogo novo, produzido em completa escuridão, porque em Páscoa todo se renova: dele se acendem todas as demais luzes. As características da luz são descritas no exultet e formam uma unidade indissolúvel com o anúncio da libertação pascal. O acender o círio é, pois, um memorial da Páscoa. Durante todo o tempo pascal o círio estará aceso para indicar a presença do Ressuscitado entre os seus. Toda outra luz que arda com luz natural terá um simbolismo derivado, ao menos em parte, do círio pascal.

Os Símbolos do Batismo

1. A Água
Embora o rito do Batismo esteja todo ele repleto de símbolos, a água é o elemento central, o símbolo por excelência. Em quase todas as religiões e culturas, a água possui um duplo significado: é fonte de vida e meio de purificação. Nas Escrituras, encontramos as águas da Criação sobre as quais pairava o Espírito de Deus (Gn 1,2). A água é vida no regaço, na seiva, no liquido amniótico que nos envolve antes de nascer. No dilúvio universal as águas torrenciais purificam a face da terra e dão lugar à nova criação a partir de Noé. No deserto, os poços e os mananciais se oferecem aos nômades como fonte de alegria e de assombro. Perto deles têm lugar os encontros sociais e sagrados, preparam-se os matrimônios, etc. Os rios são fontes de fertilização de origem divina; as chuvas e o orvalho contribuem com sua fecundidade como benevolência de Deus. Sem a água o nômade seria imediatamente condenado à morte e queimado pelo sol palestino. Por isso se pede a água na oração. Yahvé se compara com uma chuva de primavera (Os 6,3), ao orvalho que faz crescer as flores (Os 14.6). O justo é semelhante à árvore plantada ao borde das águas que correm (Nm 24,6); a água é sinal de bênção. Segundo Jeremias (2, 13), o povo do Israel, ao ser infiel, esquece de Yahvé como fonte viva, querendo escavar suas próprias cisternas. A alma procura deus como o cervo sedento procura a presença da água viva (Sl 42,2-3). A alma aparece assim como uma terra seca e sedenta, orientada para a água. Jesus emprega também este simbolismo em sua conversação com a samaritana (Jo 4.1-14), a quem lhe revela como "água viva" que pode saciar sua sede de Deus. Ele mesmo se revela como a fonte dessa água: "Se alguém tiver sede, que venha para Mim e beba" (Jo 7,37-38). Como da rocha de Moisés, a água surge do flanco transpassado pela lança, símbolo de sua natureza divina e do Batismo (cf Jo 19,34). Por este motivo, a água se converteu no elemento natural do primeiro sacramento da iniciação cristã. Desde os primeiros séculos do cristianismo, os cristãos adultos eram batizados em uma espécie de pileta cheia de água que contava com duas escadas: por uma descia e por outra saía. A imagem de "descer" às águas representava o momento da purificação dos pecados e estava associada à morte de Cristo. A saída, subindo pelo lado oposto, representava o renascer à nova vida, como saindo do ventre materno,. e era associado à ressurreição. No centro se fazia a profissão de fé pública. E isto significa que a água do batismo não é algo "mágico" -como pensam muitos crentes- que protege ou transforma por si só, mas sim a expressão deste duplo compromisso: o de mudar de vida morrendo ao pecado e o de renovar a escala de valores, iluminados por Cristo, ressuscitados com Ele.

2. A Vestimenta Branca
A cor branca sempre foi identificado com a pureza, com o inocente. Parece lógico que, desde os primeiros séculos do cristianismo, os catecúmenos fossem ao Batismo vestidos com túnicas brancas. Poderíamos considerá-lo, inclusive, como inspirado na imagem reiterada do Apocalipse, em que os seguidores fiéis do Cordeiro mereceram vestir-se de branco (cf 3,4-5.18; 4,4; 7,9.13-14; 19,14; 22,14). Entretanto, os textos bíblicos dependeriam do que nos diz a tradição cultural dos primeiros séculos, anterior aos mesmos. Em todo o Império Romano, só os membros do Senado se vestiam com túnicas brancas. Dali que os chamassem candídatus, do latim "cândida", branco. Desta maneira. Manifestava publicamente sua dignidade, a de servir ao Imperador, quem se apresentava como o Filho de Deus. Os cristãos, então, a irem vestidos de branco a receber o Batismo, tentaram mostrar que a verdadeira dignidade do homem não consiste em trabalhar para nenhum poder político mas sim em servir Jesus Cristo, o verdadeiro Filho de Deus. Portanto, mais que símbolo de pureza, era símbolo de dignidade, de vida nova, de compromisso com um estilo de vida e com o esforço cotidiano por conservá-la sem mancha, para ser considerados dignos de participar do banquete do Reino (cf MT 22, 12). Em uma sociedade consumista como a nossa, em que a dignidade das pessoas depende de como vão vestidas, da moda que seguem, das marcas que usam, os cristãos deveriam nos perguntar o que fizemos de nossa "veste branca" batismal e verificar se, como diz São Paulo, "tendo-nos revestido de Cristo" (Cfr Gl 3.27).

Cinzas - A cinza que impõe o sacerdote aos fiéis. Na quarta-feira de Cinzas, procede da queima das Palmas bentas durante a Missa do Domingo de Ramos.

Abstinência - (do latim abstinentia, ação de privar-se ou abster-se de algo) Gesto penitencial. Atualmente se pede que os fiéis com uso de razão e que não tenham algum impedimento se abstenham de comer carne, realizem algum tipo de privação voluntária ou façam uma obra caridosa nas sextas-feiras, que são chamados dias penitenciais. Só Na quarta-feira de Cinzas e Na sexta-feira Santa são dias de jejum e abstinência.

Jejum - (do latim ieiunium, jejum, abstinência) Privação voluntária de comida por motivos religiosos. É uma forma de vigília, um sinal que ajuda a tomar consciência (ex.: o jejum da Quarta-feira de Cinzas recorda o início do tempo penitencial) ou que prepara (ex.: o jejum eucarístico predispõe à recepção que breve se fará do Corpo de Cristo). A Igreja o prescreve pelo espaço de um dia para na quarta-feira de Cinzas, com caráter penitencial, e para Na sexta-feira Santa, extensivo à Sábado Santo, com caráter pascal; e por uma hora para quem vai comungar.

Via-Sacra - (em latim: Via Crucis - O caminho da cruz) Exercício piedoso que consiste em meditar o caminho da cruz por meio de leituras bíblicas e orações. Esta meditação se divide em 14 ou 15 momentos ou estações. São Leopoldo de Porto Mauricio deu origem a esta devoção no século XIV no Coliseu de Roma, pensando nos cristãos que se viam impossibilitados de peregrinar à Terra Santa para visitar os Santos lugares da paixão e morte de Jesus Cristo. Tem um caráter penitencial e está acostumado a rezá-los dias sexta-feira, sobre tudo na Quaresma. Em muitos templos estão expostos quadros ou baixos-relevos com ilustrações que ajudam os fiéis a realizar este exercício.

Semana Santa - À Semana Santa lhe chamava em um princípio “A Grande Semana”. Agora chamada Semana Santa ou Semana Maior e a seus dias lhes diz dias Santos. Esta semana começa com o domingo de Ramos e termina no domingo de Páscoa. Na quinta-feira Santa a Eucaristia com que se dá início ao Tríduo Pascal é a "Missa in Coena Domini", porque é a que mais recorda a instituição deste sacramento por Jesus em sua última ceia, adiantando assim sacramentalmente sua entrega na Cruz.

Ceia do Senhor - É o nome que, junto ao de "fração do pão", São Paulo dá em 1 Cor. 11,20 ao que logo se chamou "Eucaristia" ou "Missa": "kyriakon deipnon", ceia senhorial, do Senhor Jesus. É também o nome que dá o Missal atual: "Missa ou Ceia do Senhor" ((IGMR. 2 e 7).

Paixão - Do latim, passus, que significa experimentar, suportar, padecer, forma-se o essencial passio (acus. pl. Passiones). É sintomático que nos tenhamos decantado com preferência pelos aspectos positivos da palavra "paixão".

Celebração da Paixão de Cristo - Uma festa posta na terça-feira logo depois de sexagésima (sexagésimo dia antes da Páscoa). Seu objeto é a recordação devota e a honra dos sofrimentos de Cristo para a redenção da humanidade. Enquanto a festa em honra dos instrumentos da Paixão de Cristo – a Santa Cruz, a Lança, Pregos, e a Coroa de Espinhos – chamadas “Arma Cristã”, originou-se durante a Idade Média, esta comemoração é de mais recente origem. Aparece pela primeira vez no Breviário de Meissen (1517) como uma festa simples para 15 de Novembro. O mesmo breviário tem uma festa da Santa Face para 15 de Janeiro e do Nome Sagrado para em 15 de Março. [Grotefend, "Zeitrechnung" (Hanover, 1892), II, 118 sqq.]; estas festas desapareceram com a introdução do Luteranismo. Como se encontra no apêndice do Breviário Romano, foi iniciado por São Paulo da Cruz (morto em 1775). O Ofício foi composto por Tomás Struzzieri, Bispo de Todi, e fiel associado a São Paulo.

Palma - Do latim: -palmae- que significa palma da mão e folha da palmeira, que já usavam os romanos como símbolo de vitória. Os povos que coincidem em lhe atribuir altos valores a este símbolo já que desenvolveram em torno dela diversos ritos. Recordemos, começando pelo mais próximo, como é tradição entre nós pendurar nos balcões os ramos bentos No domingo de Ramos para que protegessem a casa durante todo o ano.

Ecce Homo - Imagem de Jesus Cristo tal como Pilatos a apresentou ao povo (do latim “ecce”, eis aqui, e “homo”, o homem).

Gólgota - Calvário. Colina de Jerusalém na Palestina, onde Jesus foi crucificado.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Aprenda também...


Aprenda também...
Eu tenho aprendido
Que a melhor sala de aula do mundo está aos pés
de uma pessoa mais velha;
Eu tenho aprendido
Que quando você está amando dá na vista;
Eu tenho aprendido
Que ter uma criança adormecida em seus braços é um dos momentos mais pacíficos do mundo;
Eu tenho aprendido
Que ser gentil é mais importante do que estar certo;
Eu tenho aprendido
Que eu sempre posso orar por alguém quando não
tenho força para ajudá-lo de alguma outra forma;
Eu tenho aprendido
Que não importa quanta seriedade a vida exija de você.
Cada um de nós precisa de um amigo brincalhão
para se divertir junto;
Eu tenho aprendido
Que algumas vezes tudo o que precisamos é de uma
mão para segurar e um coração para nos entender;
Eu tenho aprendido
Que os simples passeios com meu pai em volta do
quarteirão nas noites de verão quando eu era
criança fizeram maravilhas para mim, quando me
tornei adulto;
Eu tenho aprendido
Que deveríamos ser gratos a Deus por não nos dar
tudo que lhe pedimos;
Eu tenho aprendido
Que debaixo da "casca grossa" existe uma pessoa
que deseja ser apreciada e amada;
Eu tenho aprendido
Que Deus não fez tudo num só dia;
O que me faz pensar que eu possa?
Eu tenho aprendido
Que quando você planeja se nivelar com alguém,
apenas está permitindo que essa pessoa continue
a magoar você.
Eu tenho aprendido
Que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas;
Eu tenho aprendido
Que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;
Eu tenho aprendido
Que quando o ancoradouro se torna amargo a
felicidade vai aportar em outro lugar;
Eu tenho aprendido
Que eu gostaria de ter dito a um ente querido
que o amava, uma vez mais, antes dele morrer;
Eu tenho aprendido
Que um sorriso é a maneira mais barata de
melhorar sua aparência;
Eu tenho aprendido
Que todos querem viver no topo da montanha, mas
toda felicidade e crescimento ocorre quando você
está escalando-a;
Ao refletir sobre tudo isto, aprendi que tenho
muito a aprender, e que se alguém pensa saber
tudo é porque não aprendeu como convém saber!

(Autor Desconhecido)

terça-feira, 24 de março de 2009

O Significado Bíblico do Domingo de Ramos


No Domingo de Ramos, da Paixão do Senhor, a Igreja entra no mistério do seu Senhor crucificado, sepultado e ressuscitado. O Domingo de Ramos foi instituído, desde o século IV, como uma maneira de recordar a entrada de Jesus de Nazaré na cidade de Jerusalém. Vários outros costumes foram empregados ao Domingo de Ramos, porém foi somente na segunda metade do século VII que o Vaticano restaurou a ordem dos Domingos da Quaresma. Atualmente, a Celebração de Ramos tem dois momentos: o primeiro, em que é feita a Bênção dos Ramos e, o segundo, onde é realizada uma missa, sendo que neste momento é feita uma reflexão sobre a Morte e Ressurreição do Senhor. Ao final da Celebração, os ramos de oliveira ou palmeira são abençoados e levados pelos fiéis para serem colocados em uma cruz nas suas casas ou sobre alguma tumba no cemitério, como um sinal de compromisso com Cristo e simbolizando a força da vida e a esperança da ressurreição. O Domingo de Ramos não é um dia apenas de contemplação, mas sim, um dia de se entregar ao caminho de Cristo e se alegrar com a chegada dele em sua vida. É nesse Domingo que a Igreja vive dois mistérios da vida de Jesus: o primeiro é representado pela procissão de ramos e relembra a entrada de Cristo em Jerusalém; o outro é a Paixão de Jesus, que vai continuar sendo celebrado durante a Semana Santa. Na Bíblia a chegada de Jesus a Jerusalém é contada nos Evangelhos de São Mateus 21, 1-11; São Marcos 11, 1-11; São Lucas 19, 28-44 e São João 12, 12-19.

O Poder do Silêncio!

Aprende com o silêncio a ouvir os sons interiores da tua alma.
Aprende com o silêncio a ser humilde deixando o orgulho gritar lá fora, evitar reclamações vazias e sem sentido...
Aprende com o silêncio a reparar nas coisas mais simples, valorizar o que é belo, ouvir o que faz algum sentido...
Aprende com o silêncio que a solidão não é o pior castigo, existem companhias bem piores...
Aprende com o silêncio que a vida é boa, que nós só precisamos olhar para o lado certo,
Aprende com o silêncio que tudo tem um ciclo, como as marés que insistem em ir e voltar, os pássaros que migram e voltam ao mesmo lugar, como a Terra que faz a volta completa sobre o seu próprio eixo.
Aprende com o silêncio a respeitar a vida, valorizar o dia, descobrir as qualidades que possuis, equilibrar os defeitos que tens e sabes que precisas corrigir e ver aqueles que ainda não consegues ver.
Aprende com o silêncio a respeitar o teu "eu", a valorizar o ser humano que és, a respeitar o Templo que é o teu corpo, e o Santuário que é a tua vida.
Aprende hoje com o silêncio, que gritar não traz respeito, que ouvir é melhor que falar muito...
Na natureza tudo acontece com poder e silêncio, com um silêncio poderoso; por vezes, o silêncio é confundido com fraqueza, apatia ou indiferença.
Pensa-se que a pessoa portadora dessa virtude está impedida de reclamar os seus direitos e deve tolerar com passividade todos os abusos.
Acredita-se que o silêncio não combina com o poder, pois este é muitas vezes confundido com prepotência e violência.
O Sol nasce e põe-se em profunda quietude; move gigantescos sistemas planetários, mas penetra suavemente pela vidraça de uma janela sem a quebrar.
Acaricia as pétalas de uma rosa sem a ferir, e beija as faces de uma criança adormecida sem a acordar; aí vamos encontrar na natureza lições preciosas a dizer-nos que o verdadeiro poder anda de mãos dadas com a quietude.
As estrelas e galáxias descrevem as suas órbitas com estupenda velocidade pelas vias inexploradas do cosmos, mas nunca deram sinal da sua presença pelo mais leve ruído.
O oxigênio, poderoso elemento que nos mantém a vida, penetra nos nossos pulmões, circula discreto pelo nosso corpo, e nem lhe notamos a presença.
A luz, a vida e o espírito, os maiores poderes do universo, atuam com a suavidade de uma aparente ausência.
Como nos domínios da natureza, o verdadeiro poder do homem não consiste em atos de violência física, quando um homem conquista o verdadeiro poder, toda a antiga violência acaba em benevolência.
A violência é sinal de fraqueza, a benevolência é indício de poder.
Os grandes mestres sabem ser severos e rigorosos sem renegarem a mais perfeita quietude e benevolência.
Deus, que é o supremo poder, age com tamanha quietude que a maioria dos homens nem percebem a Sua ação.
Essa poderosa força, na qual todos estamos mergulhados, mantém o Universo em movimento, faz pulsar o coração dos pássaros, dos bandidos e dos homens de bem, na mais perfeita leveza.
O verdadeiro poder chega: sem ruído, sem alarde e sem violência.
"Bem aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra".

(Autor Desconhecido)

Cores Litúrgicas!

Pouca gente repara, mas a decoração da Igreja e os paramentos dos sacerdotes têm diferentes cores, usadas conforme a ocasião. Quando vamos à igreja, notamos que o altar, o tabernáculo, o ambão, e até mesmo a estola e a casula usadas pelo sacerdote, combinam todos com uma mesma cor. Percebemos também que, a cada semana, essa cor pode permanecer a mesma ou variar. Se acontecer de no mesmo dia irmos a duas igrejas diferentes, comprovaremos que ambas usam a mesma cor, com exceção, é claro, da igreja que celebra o seu padroeiro. Na verdade, a cor usada um certo dia é válida para a Igreja em todo o mundo, que obedece a um mesmo calendário litúrgico. Conforme a missa do dia, indicada pelo calendário, fica estabelecida uma determinada cor.
Desta forma, concluímos que as diferentes cores possuem algum significado para a Igreja: elas visam manifestar externamente o caráter dos Mistérios celebrados e também a consciência de uma vida cristã que progride com o desenrolar do Ano Litúrgico. Manifesta também, de maneira admirável, a unidade da Igreja. No início havia uma certa preferência pelo branco. Não existiam ainda as chamadas cores litúrgicas. Estas só foram fixadas em Roma no século XII. Em pouco tempo, devido ao seu alto valor teológico e explicativo, os cristãos do mundo inteiro aderiram a esse costume, que tomou assim, caráter universal.

As cores litúrgicas são seis, como veremos a seguir:

Branco - Usado na Páscoa, no Natal, nas Festas do Senhor, nas Festas de Nossa Senhora e dos Santos, exceto dos mártires. Simboliza alegria, ressurreição, vitória e pureza.Sempre é usado em missas festivas.
Vermelho - Lembra o fogo do Espírito Santo. Por isso é a cor de Pentecostes. Lembra também o sangue. É a cor dos mártires e da sexta-feira da Paixão e do Domingo de Ramos. Usado nas missas de crisma, em pentecostes e martírios.
Verde - Se usa nos domingos e dias da semana do Tempo Comum. Está ligado ao crescimento, à esperança.
Roxo - A cor roxa é tradicionalmente a cor da Quaresma. "Ela é usada nos paramentos dos padres, nas toalhas do altar, enfim, em tudo. A Igreja se despe das flores e usa roxo na decoração". Usado também no Advento. É símbolo da penitência e da serenidade. Também pode ser usado nas missas dos defuntos e na celebração da penitência.
Róseo - O rosa pode ser usado no 3º domingo do Advento (Gaudete) e 4º domingo da Quaresma (Laetare). Simboliza uma breve pausa, um certo alívio no rigor da penitência da Quaresma e na preparação do Advento.
Preto - É sinal de tristeza e luto. Hoje está praticamente em desuso na liturgia.
Azul - Usa-se ou não na Solenidade da Imaculada Conceição; representa o manto azul de Nossa Senhora. Ainda não é usado por muitos padres!

Quaresma


A quarta-feira de cinzas é o começo da Quaresma que é uma das partes do Ano Litúrgico.

Durante o Ano Litúrgico a igreja celebra os acontecimentos da vida de Jesus, que manifestam o amor de Deus para conosco.

Vamos ver então como devemos viver o tempo em que agora estamos: a Quaresma é um período de quarenta dias de caminho para chegarmos a Páscoa. Quando alguém sobe uma montanha cansa-se um pouco, mas chegando lá em cima, sente-se feliz, venceu a subida, a paisagem é linda. Assim durante a Quaresma, os cristãos fazem esforços, rezam mais, fazem penitencia, preparando-se para a grande festa da Páscoa, a Ressurreição de Jesus. E Jesus os ajuda nesta subida, não estão sós.

Como fazer para subir a montanha da Quaresma?

O que nos afasta de Deus é o pecado. Na Quaresma lutamos contra o pecado. Procuramos reparar o mal que fizemos como Zaqueu no Evangelho: para reparar o prejuízo que dera a algumas pessoas restituiu-lhes quatro vezes mais. (Le 19,1-10)

Jesus não cometeu pecados, mas deu o exemplo de penitência. Antes de começar a pregar Ele passou quarenta dias no deserto, quarenta dias de oração e penitência, por isso a Quaresma dura quarenta dias. A igreja, que é guiada por Deus, nos pede para afastarmos do pecado e sermos como Jesus. Para isso é preciso rezar mais, fazer penitencia.

Os verdadeiros cristãos fazem penitencia pelos se recusam a fazê-la, rezam mais, lutam contra seus defeitos, seus pecados, privam-se de divertimentos, renunciam a comprar coisas fúteis, comem menos, fazem jejum, partilham mais. Tudo isto na alegria, pois quanto mais amam Jesus, mais fazem penitencia, mais são alegres. Alegres porque se aproximam de Jesus, ajudam os outros a se encontrar com Ele e se preparam melhor para a Páscoa.

Vamos pensar em fazer uma penitencia nesta Quaresma?

Conversa com Deus


Um dia, levantei-me de manhã cedo para assistir ao nascer do sol.
A beleza da criação divina estava além de qualquer descrição.
Enquanto eu assistia, louvei a Deus pelo Seu belo trabalho.
Sentado ali, senti a presença de Deus comigo.
Ele me perguntou: VOCÊ ME AMA?
Eu respondi: Claro, Deus! Você é meu Senhor e Salvador!
Então, Ele perguntou: Se você tivesse alguma
dificuldade física ainda assim me amaria?
Eu fiquei perplexo.
Olhei para meus braços, pernas e para o resto do
meu corpo e me perguntei quantas coisas eu não
seria capaz de fazer, as coisas que eu dava por certas.
E eu respondi: Seria difícil, Senhor, mas eu ainda Te amaria.
Então o Senhor disse:
- Se você fosse cego, ainda amaria minha criação?
Como eu poderia amar algo sem a possibilidade de vê-lo?
Então eu pensei em todas as pessoas cegas no
Então respondi: É difícil pensar nisto, mas eu ainda te amaria.
O Senhor então me perguntou: Se você fosse
surdo, ainda ouviria Minha Palavra?
Como eu poderia ouvir algo sendo surdo? Então eu entendi.
Ouvir a palavra de Deus não é simplesmente usar
os ouvidos, mas nossos corações.
Eu respondi: Seria difícil, mas eu ainda ouviria a Tua Palavra.
O Senhor então me perguntou: Se você
fosse mudo, ainda louvaria Meu Nome?
Como eu poderia louvar sem uma voz?
Então me ocorreu: Deus quer que cantemos de toda
nossa alma e de todo o nosso coração.
Não importa como possa parecer.
E louvar a Deus não é sempre com uma canção, mas
até quando estamos oprimidos... louvamos a Deus
com nossas palavras de gratidão.
Então respondi: Embora eu não pudesse
fisicamente cantar, eu ainda louvaria Teu Nome.
E o Senhor perguntou-me: Você realmente ME AMA?
Com coragem e forte convicção, eu respondi
seguramente: Sim, Senhor! Eu Te amo! Tu és o único e verdadeiro Deus!
Eu pensei Ter respondido bem, mas então Deus
perguntou-me: ENTÃO POR QUE PECAS?
Eu respondi: Porque sou apenas um ser humano. Não sou perfeito.
ENTÃO, POR QUE EM TEMPOS DE PAZ VOCÊ VAGUEIA AO LONGE?
POR QUE SOMENTE EM TEMPOS DE PROBLEMAS
VOCÊ ORA COM O FERVOR QUE ME AGRADA?
Sem respostas, somente lágrimas, o Senhor
continuou: POR QUE ME LOUVAS SOMENTE NAS
CONFRATERNIZAÇÕES, NAS REUNIÕES E NOS RETIROS?
POR QUE ME BUSCAS SOMENTE NAS HORAS DE ADORAÇÃO?
POR QUE ME PEDES COISAS TÃO EGOÍSTAS?
POR QUE ME FAZES PERGUNTAS SEM FÉ, FILHO DE HOMEM?
As lágrimas continuavam a rolar em minha face...

POR QUE VOCÊ ESTÁ COM VERGONHA DE MIM?
ACHAS QUE NÃO?...
POR QUE, ENTÃO, NÃO ESTÁS ESPALHANDO AS BOAS
NOVAS ? POR QUE EM TEMPOS DE OPRESSÃO VOCÊ CHORA
A OUTROS QUANDO SOU EU QUE TE OFERECE MEU OMBRO?
POR QUE CRIAS DESCULPAS QUANDO LHE DOU
OPORTUNIDADES DE SERVIR EM MEU NOME?
VOCÊ ESTÁ ABENÇOADO COM MINHA VIDA.
EU NÃO LHE FIZ PARA QUE JOGASSE ESTE PRESENTE FORA.
EU TE ABENÇOEI COM TALENTOS PRA ME SERVIR, MAS
VOCÊ CONTINUA A SE VIRAR...
EU REVELEI MINHA PALAVRA ETERNA A VOCÊ, MAS NÃO
VEJO PROGREDIR NO MEU CONHECIMENTO...
EU FALEI CONTIGO MAS SEUS OUVIDOS ESTAVAM FECHADOS...
EU TE MOSTREI MINHAS BÊNÇÃOS, MAS SEUS OLHOS SE
VOLTAVAM PARA OUTRA DIREÇÃO...
EU TE MANDEI SERVOS, MAS VOCÊ SE SENTOU
OCIOSAMENTE ENQUANTO ELES ERAM AFASTADOS...
EU OUVI TUAS ORAÇÕES E AS VENHO RESPONDENDO...
Eu tentei responder, mas não havia respostas a serem dadas...

VOCÊ VERDADEIRAMENTE ME AMA?
Eu não pude responder. Como eu responderia?
Estava inacreditavelmente constrangido.
Eu não encontrava desculpas. O que eu poderia dizer?
Quando meu coração chorou e as lágrimas
brotaram, eu disse: Por favor, perdoe-me Senhor.
Eu não sou digno de ser chamado teu filho...
Perdoe-me...
Ao que o Senhor respondeu: EIS AÍ A MINHA GRAÇA,
Ó CRIANÇA MINHA. VOCÊ É MINHA CRIANÇA, E É ASSIM
QUE TE VEJO: MINHA CRIANÇA POR QUEM MORRI.
NUNCA TE ABANDONAREI.
SAIBA QUE QUANDO VOCÊ CHORAR, EU TEREI COMPAIXÃO
E CHORAREI CONTIGO...
QUANDO VOCÊ ESTIVER DESANIMADO, EU MESMO TE ENCORAJAREI...
QUANDO VOCÊ CAIR, IREI TE LEVANTAR...
QUANDO VOCÊ ESTIVER CANSADO, IREI TE CARREGAR NAS MINHAS MÃOS...
EU VOLTO A TE DIZER: ESTAREI COM VOCÊ ATÉ O
FINAL DOS TEMPOS, DESCANSE EM MM PORQUE DIGO QUE
TE AMAREI PARA SEMPRE, CRIANÇA MINHA, FILHINHO
POR QUEM VELO...
Eu jamais chorei daquela maneira antes.
Como pude ter sido tão frio?
Como pude ter magoado ao meu Deus como fiz?
Eu perguntei a Ele: Quanto me amas?
Então, naquele momento, o Senhor esticou seu
braço e eu vi suas mãos com enormes buracos sangrentos...
Ele me mostrou naquele arrebatamento suas mãos ensangüentadas.
Logo, curvei-me aos pés de meu Jesus Cristo, o
meu Salvador e, pela primeira vez, eu pude
sentir que orei verdadeiramente...

domingo, 22 de março de 2009

Quaresma! "És pó, e pó te hás de tornar" (Gen 3,19)


Na Quaresma, somos convidados a reconhecer esta verdade profunda que encontramos logo nas primeiras páginas da Sagrada Escritura. É um tempo de arrependimento e de conversão apropriado para aqueles que, reconhecendo-se longe do Senhor, desejam – como o Filho pródigo - regressar à Casa paterna, na qual há "pão com fartura" (Lc 15,17).
A Igreja faz uma convocação geral, como nos tempos do profeta Joel (Jl 2,12-18), propondo a todos que se reconheçam pecadores, indignos da Misericórdia Divina, e se penitenciem praticando a oração, o jejum e a esmola. Não acho que seja necessário conceituar cada um destes. E acho igualmente desnecessário repetir os apelos que a Igreja faz e que a Palavra de Deus constantemente nos recorda. Prefiro partir para o oposto disso: gostaria de dizer o que não é oração; o que não é jejum, e o que não é esmola.
Tenho percebido que, hoje em dia, a oração - principalmente nos grupos de oração - não é mais diálogo, como propõe Santa Catarina de Sena, a Dominicana mais penitente que o mundo já conheceu. É como se rezar se resumisse a falar, falar e falar. Não há mais os momentos de escuta do Senhor. Não há mais a voz que ressoa no silêncio. O eco que se propaga na alma do homem. O louvor de hoje em dia, muitas vezes se assemelha ao balançar das folhas de uma árvore: não mexe na sua raiz, não a faz produzir frutos, é, simplesmente, resultado do vento que passa...
Temos feito orações mal feitas. Orações que não se comparam jamais àquelas feitas pelo Senhor! Pois Jesus não só rezava: Jesus rezava bem. Jesus rezava com confiança: "Pai eu te dou graças porque me ouviste" (Jo 11,41). Orava com fervor: "Então Jesus exultou de alegria e disse: Eu te louvo Pai, porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos" (Lc 10,21). Rezava colocando acima de tudo a vontade de Deus: "Se queres, afasta de mim esse cálice"(Mt 26,39). Rezava com sinceridade: "Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonaste?" (Mt 27,46). Não rezava com a falsidade que muitas vezes nos faz dizer a Deus o "eu Te amo" mais vazio que alguém pode ter ouvido. Certamente Jesus não faria do terço um vomitar de palavras no ouvido de Nossa Senhora, como nós amiúde fazemos...
Aliás, faço aqui uma distinção conveniente e mui útil para que reconheçamos como é imperfeita a nossa oração: oração anestésica é diferente de oração transformadora! Oração anestésica é aquela que resolve meus problemas atuais. É aquela oração do tipo reboco, tapa-buraco. A oração transformadora, porém, tem efeitos profundos no nosso comportamento e mentalidade. Mas, não gostamos dela porque ela produz resultados em longo prazo e nós somos muito imediatistas... Enquanto a oração anestésica me mantém vivo, a oração transformadora me faz viver. Para ilustrar: Se alguém me machuca e eu faço a seguinte oração: "Senhor, arranca do meu coração a mágoa que essa pessoa me causou. Preenche com o teu amor o vazio que essa pessoa me deixou", estou tomando um anestésico espiritual. Estou me livrando daquele rancor específico, e todas as vezes que essa pessoa me machucar vou ter que repetir a mesma oração. Nunca conseguirei entender o que é o perdão. Jamais compreenderei o porquê daquela atitude. Não entenderei que quando perdôo alguém não estou me livrando de um a mágoa, estou me tornando livre para amar. A oração transformadora, todavia, me permite enxergar toda essa realidade, porque mexe nas minhas bases, nas minhas estruturas. Ela muda a minha conduta, me dá uma lição de vida e me tira da superficialidade que comumente afeta a relação do homem com o seu Criador.
Além disso, Jesus rezava em segredo: "... subiu à montanha para orar na solidão" (Mt 14,23). Seguindo o preceito que lê mesmo instituiu: "Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.
Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á"(Mt 7,5-6)
Depois, é preciso falar a respeito do jejum e de outras renúncias. Tenho visto um mal muito grande se espalhando entre nós, católicos: é a síndrome do "coitadinho de mim". É a nossa autopiedade. Dizemos que não jejuamos porque estamos morrendo de fome. Quando, na verdade, a maioria de nós não tem a mínima noção do que significa morrer de fome... Sem falar daqueles jejuns absurdos, que alguns escolhem fazer: " Durante toda a Quaresma não vou tomar suco de cupuaçu".Se eu não gosto de suco de cupuaçu, que valor tem essa renúncia? Sem contar aqueles penitentes do tipo autofalante, que saem alardeando aos quatro cantos qual o objeto da sua renúncia durante a Quaresma: "Por amor ao Senhor, nesses quarenta dias, não vou comer chocolate". Balela, conversa fiada. Quer é emagrecer. Está dando a Deus aquele famoso "presente de grego".
Penso que santos como Santa Catarina de Sena, São Francisco de Assis, São Domingos, e tantos outros, reconhecidos pela prática constante do jejum e da penitência, muito se envergonham dessa nossa conduta. Não só eles, mas também penitentes desconhecidos da maioria de nós, como os monges cartuchos. Estes professam um à regra de vida tão austera que nunca comem carne, nem mesmo quando estão doentes. Certa vez, o papa Urbano V, quis mudar essa regra, tornando-a mais branda. Os monges, porém, contestaram, enviando ao Sumo Pontífice uma Delegação de 27 religiosos. Entre estes, o mais jovem tinha 88 anos! Diante disso, o Santo Padre desistiu dos seus planos de alterar a regra. Esta parecia não fazer mal algum a saúde - nem do corpo, nem da alma - dos monges...
E, por fim, mas não menos importante crê que devemos rever a nossa concepção de esmola. Não estou falando de uma doação forçada, como muitas vezes fazemos, por pressão social. Nem estou falando do assistencialismo barato que nos faz jogar aos miseráveis, as moedas que nos pesam nos bolsos. Não me refiro à doação feita por pena, mas sim por obra de misericórdia. Não estou me referindo a uma obrigação cristã, como é o dízimo, mas sim a uma contribuição voluntária, feita por amor e destinada a anônimos cujo nome é Jesus.
Também não quero associar à esmola àqueles casos de filantropia que vemos quando ocorre um grande desastre, como foi o Tsunami algum tempo atrás. Aquilo não é esmola! "Os países ricos se mobilizaram para ajudar". Para ajudar a quem? A si mesmos, incluindo seus nomes entre os países "bonzinhos" que compõem a lista de doadores! "Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita. Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á" (Mt 7,2-4). Quantos dos famosos artistas generosos que fizeram doações milionárias às vítimas do tsunami compareçam lá, ao local do desastre, dando por esmola seu tempo, sua atenção e sua verdadeira solidariedade? Esmola não é sinônimo de dinheiro!
Diante de tudo isso, resta-nos reconhecer que somos pó e ao pó retornaremos. Contudo, não esqueçamos que importante é estar nas mãos de Deus, pois o pó nas mãos do Senhor é barro, o qual se torna obra de arte quando modelado pela vontade do Divino Oleiro. Quiçá um dia nos tornemos preciosos vasos, prontos a guardar os tesouros do Senhor. Se quisermos alcançar essa graça, penso que devemos começar guardando esse tempo de Graça e Misericórdia que a Igreja nos concede, a Quaresma. Deus nos abençoe!

Vivendo a Quaresma!

Durante este tempo especial de purificação, contamos com uma série de meios concretos que a Igreja nos propõe e que nos ajudam a viver a dinâmica quaresmal.
Antes de tudo, a vida de oração, condição indispensável para o encontro com Deus. Na oração, se o cristão inicia um diálogo íntimo com o Senhor, deixa que a graça divina penetre em seu coração e, a semelhança de Santa Maria, se abra à ação do Espírito cooperando com ela com sua resposta livre e generosa (ver Lc. 1,38).
Como também devemos intensificar a escuta e a meditação atenta à Palavra de Deus, a assistência freqüente ao Sacramento da Reconciliação e a Eucaristia, e mesmo a prática do jejum, segundo as possibilidades de cada um.
A mortificação e a renúncia nas circunstâncias ordinárias de nossa vida também constituem um meio concreto para viver o espírito de Quaresma. Não se trata tanto de criar ocasiões extraordinárias, mas bem, de saber oferecer aquelas circunstâncias cotidianas que nos são incômodas, de aceitar com alegria os diferentes contratempos que nos apresenta o dia a dia. Da mesma maneira, o saber renunciar a certas coisas legítimas nos ajuda a viver o desapego e o desprendimento. Dentre as diversas práticas quaresmais que a Igreja nos propõe, a vivência da caridade ocupa um lugar especial. Assim nos recorda São Leão Magno: "estes dias de quaresma nos convidam de maneira apremiante ao exercício da caridade; se desejamos chegar à Páscoa santificados em nosso ser, devemos por um interesse especialíssimo na aquisição desta virtude, que contém em si as demais e cobre multidão de pecados".
Esta vivência da caridade deve ser vivida de maneira especial com aqueles a quem temos mais próximos, no ambiente concreto em que nos movemos. Assim, vamos construindo no outro "o bem mais precioso e efetivo, que é o da coerência com a própria vocação cristã" (João Paulo II)
Como viver a Quaresma
1. Arrependendo-me de meus pecados e confessando-me.
Pensar em quê ofendi a Deus, Nosso Senhor, se me dói tê-lo ofendido, se estou realmente arrependido. Este é um bom momento do ano para realizar uma confissão preparada e de coração. Revise os mandamentos de Deus e da Igreja para poder fazer uma boa confissão. Sirva-se de um livro para estruturar sua confissão. Busque tempo para realizá-la.
2. Lutando para mudar:
Analise sua conduta para conhecer em quê esta falhando. Faça propósitos para cumprir dia a dia e revise à noite se os alcançou. Lembre-se de não colocar muitos propósitos porque será muito difícil cumpri-los todos . Deve-se subir as escadas de degrau em degrau, não se pode subir toda ela de uma só vez. Conheça qual é o seu defeito dominante e faça um plano para lutar contra ele. Teu plano deve ser realista, prático e concreto para poder cumpri-lo.
3. Fazendo sacrifícios:
A palavra sacrifício vem do latim sacrum-facere, significa "fazer sagrado". Então, fazer um sacrifício é fazer alguma coisa sagrada, quer dizer, oferecê-la por amor a Deus, porque o ama, coisas que dão trabalho. Por exemplo, ser amável com um vizinho com quem você não simpatiza ou ajudar alguém em seu trabalho. A cada um de nós há algo que nos custa fazer na vida de todos os dias. Se oferecemos isto a Deus por amor, estamos fazendo sacrifício.
4. Oração:
Aproveite estes dias para rezar, para conversar com Deus, para dizê-lo que o ama e que quer estar com Ele. Pode ser útil um bom livro de meditação para Quaresma. Você pode ler na Bíblia passagens relacionadas com a quaresma.

Via Sacra

A devoção da Via Sacra consiste na oração mental de acompanhar o Senhor Jesus em seus sofrimentos conhecidos como a paixão de Nosso Senhor, a partir do Tribunal de Pilatos até o Monte Calvário.

Esta maneira de meditar teve origem no tempo das Cruzadas (século X). Os fiéis que peregrinavam na Terra Santa e visitavam os lugares sagrados da Paixão de Jesus, continuaram recordando os passos da Via Dolorosa de Jerusalém. Em suas pátrias, compartilharam esta devoção à Paixão. O número de 14 estações fixou-se no século XVI.

A Via Sacra é uma oração forte porque nos lembra o caminho da dor e do sofrimento de JESUS, no percurso de sua Divina missão Redentora.